visto-me de rocha
silencio os murmúrios tristes suspirados dos solitários rios
destituídos da nascente à foz
roubados nas correntes transbordantes de troncos e raízes
cabeças de bonecas mortas tanta folha velha
velho é o caminho percorrido de olhos fechados a setenta chaves
pois sete não encerra nem um grito que nos magoa a pele arrepiado
um frio cortante nas esquinas dos cantos dos quartos escuros
o homem do saco tem um saco ou é o saco que esconde o homem assustado
com o cheiro do café acabado de fazer que o transporta sem querer
para o princípio do mundo
quando era quente a mão amada que lhe sussurrava pão com manteiga e o queimava
bem dentro do coração
as pedras eram só as da calçada do lamento não se ouviam nem os ais
perdidamente confundido com o soprar do vento
esculpindo cada ruga de uma face desenhada segredo não guardado
e pouco mais
silencio os murmúrios tristes suspirados dos solitários rios
destituídos da nascente à foz
roubados nas correntes transbordantes de troncos e raízes
cabeças de bonecas mortas tanta folha velha
velho é o caminho percorrido de olhos fechados a setenta chaves
pois sete não encerra nem um grito que nos magoa a pele arrepiado
um frio cortante nas esquinas dos cantos dos quartos escuros
o homem do saco tem um saco ou é o saco que esconde o homem assustado
com o cheiro do café acabado de fazer que o transporta sem querer
para o princípio do mundo
quando era quente a mão amada que lhe sussurrava pão com manteiga e o queimava
bem dentro do coração
as pedras eram só as da calçada do lamento não se ouviam nem os ais
perdidamente confundido com o soprar do vento
esculpindo cada ruga de uma face desenhada segredo não guardado
e pouco mais
(fotos de mb "Penélope", escultura de Francisco Simões)
24 comentários:
LET YOUR INDULGENCE SET US FREE
a rocha que tu és
é mais do que murmúrios tristes de rios perdidos
roubados de bonecas mortas
folhas velhas
como eternidade liberta
é mais que um grito
frio cortante
susto seco
segredo que guardado
e mais e mais
indulgência tua
pois que nos liberta
Jaime
obrigada pelo poema!
a libertária,
manuela
Querida amiga
Bonito é você ser você,do jeito que você é, sem máscaras,sem falsidades, sem falcatruas,com transparência e,
principalmente, com muita bondade e honestidade.
Belíssimo seu texto.
Com muito carinho BJS.
.
. "Comentar é interpretar, partilhar o pensamento.
Ou simplesmente bater à porta e fazer silêncio." .
.
. simples.mente .
.
. porque sim .
.
. um beijo sempre total .
.
. paulo .
.
Rufina
sendo do jeito que eu sou
sem máscaras
transparente
dou-lhe um beijinho
Manuela
Paulo
porque sim
perdidamente confundida com o soprar do vento
um beijo total
porque sim!
Manuela
Olá Manuela,
Hoje foi um dia longe dos blogues, apenas agora abri o computador e passei só pelos amigos.
Deixo um beijo de presença, mas volto ao serão, com calma, para reler o texto que nos deixou, acompanhado destas belas fotografias e para deixar a minha expressão de admiração por tudo o que escreve e transmite tanta vida e sensibilidade.
Beijos ed amizade.
Branca
Bom dia Manuela,
Hoje acordei cedo e como eu compreendo agora os amigos que trabalham muito cedo, estou na mesma onda e já não consigo andar por aqui de noite, por isso não cumpri a promessa de vir ao serão...não consegui simplesmente, mas li o texto, agora pela terceira vez, escrito num registo soberbo que é o seu.
Gostei deste homem do saco, mais humano, mais real que aquele de que nos falavam algumas avós e de que ainda hoje ouço algumas jovens mães falar, quando o amor ou uma estranha forma de amar é impotente para controlar as travessuras infantis. Sempre detestei que falassem às crianças no homem do saco, porque afinal ele é este, o que está aqui retratado e é esse que as crianças devem aprender a amar.
Soberbo, muito!
Beijinhos
Branca
Branca
dias, longe dos computadores fazem falta!
e as manhãs acordadas são tão belas como as noites estreladas
o problema, é quando se gosta das duas, como eu...
nunca tive medo do homem do saco,
sabia que não continha pedras
com essas
fazemos estátuas e casas
obrigada por ter trelido :))
beijinhos e um bom domingo
Manuela
"bem dentro do coração"
esta história trouxe-me à memória outras que ouvia em criança, não eram para mim mas ouvia-as...
e nas noites estreladas quando me deitava, só o narazito ficava de fora...
eu e a minha companhia...a minha irmã, naquele silêncio nos ficávamos até adormecer
hoje permanecem as saudades desses silêncios de tão grande cúmplicidade e que hoje são boa memória bem dentro do meu, do nosso, coração
Olá Manuela. Encantei-me uma vez mais com estas Suas palavras e gostei muito...
é tudo sempre tão bom por aqui
palavras com sentimento que encontram tão gratas memórias
muitos beijinhos.
dulce
Dulce
e como é bom esperar o medo...com a nossa irmã ao lado e apenas o nariz de fora...
beijinhos de olá! (é assim?)
manuela
beijinhos de olá num grande abracinho de amizade...!
é mesmo assim como escreveu Manuela.
dulce
gosto muito da nova imagem de mar e vida neste Seu cantinho...ainda em tempo de lhe dizer...!e gosto muitíssimo de ir ao encontro de "segredos"..!
gosto de ir ao encontro dos segredos guardados nos Seus "tesouros"..!
agora sim..!
beijinhos e bom domingo
e eu de quarentena em casa com a minha filha que não pode colocar os pézitos no chão...
só até amanhã..I hope so..!
"chesseeeeee" e lá me rio com esta palavra que me calhou para este meu comentário, mesmo a propósito..!
dulce
Manuela,
a menina por certo já estaria a pensar que o homem do saco me tinha levado não?
:)))
ou então que tivesse ficado lá pela Ribeira do Porto em amena cacaqueira com a nossa Branquinha...
ficaria-mos sim... horas infinitas à sombra dos plátanos a ouvi-la a si contar-nos estas histórias de encantar, que nos transportam através do tempo e nos devolvem a inocência perdida...
o homem do saco pois! o meu era real e chamavam-lhe o Janeiro, era muito velho de barbas amarelecidas, coxeava e pouco dizia
era um pobre homem que tinha apenas por companhia a sua própria solidão
o saco estava sempre encostada junto à porta da sua humilde casa e estava quase sempre cheio de pinhas para queimar nas noites de inverno e de solidão
mas as mãezinhas dos "meninos maus", insistiam em dizer que o saco estava cheio de meninos mal comportados e seria esse o destino
daqueles que transgredissem as regras ou tão simplesmente não comessem a sopa toda... enfim!
nenhum menino daquele aldeia queria tal sorte: ser entregue ao Janeiro
Manuela
amei este conto
transversal
beijos
Walter
Dulce
as palavras chave são mesmo cheseeeeeeeee todas elas! eu engano-me sempre...
e que a menina que ainda não anda possa depressa desatar a correr!
beijinhos de até amanhã
Manuela
Walter
não há outro a contar histórias!!
a do Janeiro de quem todos têm medo
porque é frio...
e que possui um saco com pinhões e quem assusta são as mães que sabem a verdade toda e o segredo das sopas de nabiça!
transversal é a vida, pássaro!
um beijo
Manuela
Manuela
Das rochas, os murmúrios e os silêncios, abraçados às memórias para não naufragarem.
Fortalecem, no firme esculpir das rugas, essas sábias companheiras de quem sabe como se desenha a vida por dentro.
O meu abraço
Olhar escultor, que sente a dor, mas ainda e sempre sensível aos rumores do vento...
Beijo
Maria João
desenhando a vida
por dentro e por fora
pelas memórias desnaufragadas
dou-lhe um abraço
Manuela
AC
sensível também
aos seus rumores
um beijo
Manuela
.
. e,,, .
. com este calor ... a "Penélope" encontra.se assim semi.prostrada .
. com dores na nuca e um ligeiro desvio na cervical .
.
. não deixando por isso de ser tão bela como é a manuela, que de nada padece, feliz.mente,,, mas que está cada vez melhor, a olhos vistos, a cada dia que passa . assim testemunha o resto da sala de espera .
.
. :))) .
.
. um beijo sempre e para sempre TOTAL, xim? .
.
. paulo . ito .
.
o reino de Xim
era contíguo ao reino de Xiu
no primeiro
reinava um homem bondoso
sem artroses nem desvios de coluna
tinha um olhar especial
pois mesmo que estivesse virado para a esquerda ou para a direita
via sempre para a frente
para trás, não era preciso
porque bem vistas as coisas
é apenas uma questão de perspectiva...
no segundo
reinava um homem secreto
sem problemas de audição
capaz de guardar segredos
e de os transformar em pirilampos
que iluminavam as pessoas tristes
perdidas nos campos de trigo quando não havia lua cheia
o caminho para estes dois reinos
é procurado por muitos
mas é fácil lá chegar.
para o pau . lito
com um beijo total
Manuela
Há por aí algum homem do saco de gelo? Era o que eu precisava agora para me defender deste calôr atroz que nos assa aos bocadinhos... :))
Ai que eu quero chuva, venha a chuva...!
Boa noite Manuelita, :))
Beijinhos
Branca
ai Branca!
mas que ideia genial
era isso mesmo! dois sacos de gelo mesmo sem homem nem nada...
vou buscar o saco das ervilhas congeladas ou Janeiro cheio de frio e chuva
beijinhos
Manuela
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