No lapedo vive um menino, vive um menino antigo no
lapedo. A mãe fez-lhe um colar de conchas marinhas e dizia-lhe baixinho, fica
muito alá o mar. O menino ria.
Quando o tempo arrefecia, queimavam rebentos de pinheiro e
era manso o menino e o pinheiro. O vento forte empurrava as árvores e a terra
girava em torno do sol e a mãe fez-lhe um diadema com dentes de veado como se
fora a coroa de um rei e o manto era ocre como se fora a veste do rei.
Para lhe dar sorte e livrá-lo do mal, seguiam-no um
coelho branco e dois jovens veados ainda sem hastes, nem bramir bramiam.
Nos dias que anoiteciam cedo e a lua é nova no céu,
chegava-lhes sorrateiro, o medo ancestral da noite e da escuridão. Então a mãe
cantava, durante mil anos cantou e outros vinte e quatro mil cantava ainda. Esta
memória do lapedo, do menino e da concha marinha.
25 comentários:
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. nos dias em que anoitece cedo . mais cedo . sem que ainda seja muito cedo . ainda . cedo e chego aqui .
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. sem qualquer receio . :) .
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. porque venho ao re.encontro das palavras . que sendo canções de em.balar . são palavras para rir ou chorar .
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. são [estas] as palavras que me conseguem en.cantar .
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. íssimo feliz .
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Kriu?
Os veados sem hastes utilizam a fibra óptica e trazem a sorte e livram-nos do mal!
Como o tempo já arrefeceu, meteram-me hoje dentro de casa, onde a temperatura ronda os 24 graus continuadamente, a mim e aos outros treze...
Temos estado todos aos gritos, que isso de bramir é para os veados jovens ou hasteados...
A Bia ficou lá fora, ainda! Bem feita! Aquelas riscas enervam-me... e diz que quer Sol, imagina!
Talvez o Nicolau Copérnico a possa ajudar...
Kriu!
Se a lua é nova então eu ainda irei nascer prá semana...
Depois digo-te como correu!
Muito tempo estive ausente sem vir aqui deliciar-me com a leitura agradável e terna dos teus textos.
Os desenhos acompanham a nossa compreensão e a música completa o quadro. Como gostei!!!!.
Interessantíssimo o seu blogue e as suas histórias poetizadas que remetem para factos de cultura.
Conhecia o achado, mas foi maravilhoso tê-lo reavivado desta forma bonita.
Mesmo fora do lapedo
As mães (todas as mães do mundo)
Cantam assim, para afastar o medo
(conto belo... o teu)
Fui ao Lapedo ainda antes de descobrirem esse menino.
Nunca imaginei que para lá daquelas arribas que cercam o ribeiro existia assim um menino adormecido.
Quantos mil anos as mãe lhe cantou e por quantos mais lhe foi tecendo coroas e colares feitos com as sobras daquela floresta ainda virgem...?
Gosto muito dos seus textos.
MANUELA BAPTISTA
Um diadema, esta tua página é um diadema!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Outubro de 2013
Mais uma bela história de encantar.
Manuela, querida amiga, tem um bom domingo e uma boa semana.
Beijo.
Olá, Manuela!
Muita bonita é a história deste menino do antigamente.Dum mundo que já só existe na imaginação e nos livros - e em que ele tão feliz era, no reino do aconchego criado por sua mãe.
Bom Domingo, um abraço
Vitor
e depois de tantos anos (muitos) (muitos) as mães ainda cantem...pois ainda se ouve o eco....
:)
Foi muito bonito eu ter conhecido este menino tão antigo assim desta forma tão meiga.
Uma boa semana, Manuela.
Abç
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. e,,, .
. muito .
. .s.i.n.c.e.r.a.m.e.n.t.e. .
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. estão lindas as pinturas . ao "abrigo" deste conto . :) .
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. a incidência da luz está notável . e muito bem conseguida .
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. .p.a.r.a.b.é.n.s. . nelita .
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Mesmo com medo
as mães cantam
Excelente como sempre
Deixe que lhe diga que gosto mais dos pais do que dos meninos, mas na minha idade, para dizer a verdade, qualquer coisa serve, aliás, eu é que para eles sou qualquer coisa que sou que lhes sirvo, mas gosto muito dos seus desenhos, para uma analfabeta como eu, tudo é bonito, fossem as pessoas felizes como eu sou, nesta cama articulada.
Muitos beijos, da sua inválida, por validar, só me falta o carimbo
E aguardam-nos mais aventuras? Espero que sim!
Beijos
E as mães cantarão eternamente.
Belo como sempre.
Beijinhos e bom fim de semana
Manuela,
A Palavra
ao nível da História:
é genial
a forma como aborda
os usos
e costumes tradicionais,
os sentimentos maternais,
de ontem e de hoje,
sempre belos e ricos!
Um beijo
bom fim de semana
levei 24 500 anos para aqui chegar
Tão lindo!
Os tempos difíceis também são tempos de criatividade, formas belas de alertar, até porque a arte é sempre uma das grandes vias de transformação dsa sociedades.
Obrigada pelo momento. Posso partilhar? A mensagem não pode parar, tem que ser passada de mão em mão.
Beijos.
Kriu?
Ai Té, agora fizeste-me lembrar o casqueiro de Fânzeres...
Nunca te esqueças: Na terra onde viveres, farás como vires fânzeres!!!
Kriu!
são os meus animais de companhia
:)))
Manuela, querida amiga, como já li, reli e comentei, deixo-te "apenas" o desejo de que tenhas um bom fim de semana.
Beijos.
Manuela, me parece un cuento precioso.
Saludos
Emocionou-me o conto. Não sei exatamente se o todo ou o final, mas meus olhos acusaram lágrimas. Mas vou-me embora com um sorriso pelo prazer da emoção. bacio carissima
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