Não te tomo muito tempo. Mesmo sabendo que ele é relativo,
longo na infância, fugidio na idade adulta, enganador na velhice, o tempo é a
viagem e o regresso e provavelmente, podemos até nem regressar. Só para te
falar da ausência de musgo nos caminhos da serra e daqueles três gaios que se
encontraram hoje nos ramos da ameixoeira despida. O primeiro chegou às quinze
horas e cinco minutos, pousou, abriu as asas e o azul das penas bateu-me nos
vidros da janela e eu calada, colada aos vidros e à janela. E logo um segundo o
seguiu, assobiou, esticou a cauda e depois um terceiro bebeu água nas poças do
quintal e juntou-se aos outros dois, cada um em seu ramo da ameixoeira despida.
Às quinze horas e dez minutos levantaram voo e voaram em direção aos pinheiros
da estrada. No entanto pareceu-me eterno aquele repouso dos pássaros.
E num desejo de que a chuva seja breve e fina, deixo-te
três romãs, vermelhas e vivas. Quando os Reis vierem poderás contar quantos
bagos tem cada uma delas e comê-los devagar. Um pouco antes, procura uma chaminé,
uma estrela ou uma rapariga e um menino a brincar.
6 comentários:
Sorte a tua
em que os momentos belos
te parecem eternos
Pouca sorte a minha
que não tenho uma ameixoeira
MANUELA BAPTISTA
e o tempo, tão relativo que o é, como a maré é um ir e regressar ao sopé
BRAVO
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Dezembro de 2017
Manuela, o teu texto fez-me sentir menina de novo, quando o tempo era longo... Fantásticas as ilustrações.
Uma boa semana.
Um beijo.
Bago a bago
passo a passo
com os dedos a desenhar caminhos
O tempo é relativo, sim.
Assim o tempo da espera, demasiado
longo quando se anseia por algo.
A chuva miudinha, por vezes, fica e
fica e fica...molhando os ossos.
Diz-se que aproveita à terra. Seja.
Bj
Olinda
Cheguei aqui pela mão de outros, mas ainda bem que isso aconteceu.
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