Guardamos as bicicletas e as botas da chuva, pesamos as
castanhas até perfazerem um quilo, para que cheguem para todos, assadas cá fora
entre as cinzas de uma fogueira já extinta. É uma arte esta forma de as assar,
lentamente, pacientemente. Mas a infância é impaciente e a espera, um espaço
vazio e solitário. No parapeito da cozinha alinham-se as tigelas de marmelada
e o gato vagueia por ali.
Depois, preenchemos o silêncio com uma gargalhada, um grito, uma briga, o ruído de uma dobra numa folha de papel.
Depois, preenchemos o silêncio com uma gargalhada, um grito, uma briga, o ruído de uma dobra numa folha de papel.
14 comentários:
MANUELA BAPTISTA
Sempre maravilhosos quanto simples, a história e os desenhos e neles impera um silêncio cheio de tudo quanto escreves no último parágrafo.
De tudo e mais:
BRAVO!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Outubro de 2020
Assim apetece Outonar:)
~CC~
o gato merece
Gostei muito deste seu poema e da sucessão de imagens. Muito bom.
Li em silêncio e, interiorizando cada palavra, cada verso, em silêncio me deixei ficar
.
Cumprimentos
Por aqui
Já foi, mas já não é assim...
Pesa a ausência
e a quebra do silêncio
É assim mesmo o outono: com castanhas assadas (também usei esse modo de o fazer) com marmelada, com folhas douradas voando pelo chão.
E "a infância é impaciente e a espera, um espaço vazio e solitário". Quanta sensibilidade, minha Amiga Manuela!
Cuida-te bem.
Um grande beijo.
Não tenho castanhas, nem dentes, nem força física para calçar as galochas, mas tenho a gata :) E gostei imenso deste Outonar, Manuela!
Forte abraço
Que bem que lembra o outono.
Quase que se pode ver o cenário e o cheiro das castanhas.
Belo texto Manuela.
Beijinhos
Obrigada pela visita!
:)
Sempre bom passar por aqui. Fica a sensação de paz.
Abraço
A ternura feita palavras, feita Outono.
Beijo, Manuela :)
Coisa linda, Manuela, os "origamis" aqui deixados, para (a) gente grande crescer como gente pequena.
Difícil é dobrar a folha como se fosse esquina. Esconde-espreita.
Mas há tempo de aprender.
Quantos queres?
Castanhas, caruma-agulha-sama,fogueira, cinza, marmelada
de várias cores à espera de pão.
Tudo coisas de outono:
figura, fruta, flor...
Obrigado, beijo e um bom ano.
Tão bonito e tão sensível, as palavras e o outono*
2 anos depois e já no fim do Inverno, regresso para reler.
Tão aconchegante.
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