Na fotografia antiga ela tem um ramo de flores caído no
chão. Há uma escada e em cada degrau dois rapazes, três raparigas, cinco
rapazes, duas raparigas, até perfazerem vinte e cinco. Vestem um casaco de
fazenda pied de poule, que quer dizer pés de galinha. Empurram-se, fazem
caretas, riem. Ela sorri apenas e as flores no chão. Eu não estou visível nessa
fotografia e só me lembro da velha máquina do meu pai e da gritaria da minha
irmã, tu não sabes mexer nisso, para, larga, é minha. E era.
A cores, seriam encarnadas as flores e negro o chão.
17 comentários:
MANUELA BAPTISTA
Do chão erguem-se as flores
libertas crianças e as cores
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Abril de 2014
As fotos antigas degradam a cor...
Mas, pela luz do teu texto,
percebo
as flores continuam vermelhas
e o chão, negro
Olá, Manuela!
Retrato de família grande do tempo do preto e branco. E onde a Manuela não ficou por ser boa fotógrafa...na retina da memória lhe ficando o vermelho do ramo de flores caído no chão...
Um abraço.
Vitor
Uma fotografia é sempre a memória de um tempo que passou. As flores hão-de continuar vermelhas mesmo no chão de terra negra.
Um grande beijo, Amiga.
Kriu?
Que bonito o teu dizer... E agora diz-me:
Por vezes, não ficas angustiada, quando estás a escolher as palavras para os teus contos?
Eu, quando te leio fico assim:
No espanto das garras - o verbo
Kriu!
Será que já levantaram as flores??
Beijo
Graça
As recordações têm coisas destas. Alegrias e tristezas e também muitos "pés de galinha"
:)
Um abraço, Manuela
Olá, Manuela!
Não resisti a fazer a correcção:Afinal hoje são 25 e as flores não mudaram de cor.Já outro tanto não se podendo dizer de muitas pessoas, que com o tempo foram desbotando...
Abraço
Vitor
Não deveriam ser só 25 as flores vermelhas, mas 365 multiplicadas por cada português que fosse capaz de faz~e-las erguer do chão, como um troféu.
Passo e lei. Obrigada pela página.
Há memórias que são fotográficas.
Belíssimo texto, gostei imenso.
Tal como dos desenhos, como sempre.
Manuela, querida amiga, tem um bom fim de semana.
Beijo.
Ai, "Amiga" como eu gosto de te ler...
Se eu dia eu abrir uma Editora, prometo-te 25% de desconto logo à cabeça!
pude ver a cena.
lindo texto.
Minha querida
As flores ainda um dia se vão levantar do chão e os sonhos vão novamente voar como uma gaivota.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Nessa fotografia, nós grafámos uma coisa muito estranha, que é o tempo sem forma, uma maleabilidade que se entranha pelas frestas dos nossos sentidos, e quando nos falam dos nossos tempos passados, nós rimos em forma de escadaria, com aquela volátil sensação do "não foi nada disso", como se eles pudessem saber aquilo do qual nem nós próprios, nem antes, nem hoje, nem, talvez, amanhã, alguma vez, precisaremos o sentido, a forma e a emoção
Precisamos de flores assim aqui no Brasil.....as que temos agora estão todas murchas, e este ano creio que não ressuscitarão....
Um beijinho Manuela
Bia
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. eu não sei fazer tantas contas . :) . mas . entre o antes e o depois . esbarramos neste agora . e agora ? .
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. íssimo feliz .
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As memórias são a cores... Aposto que as pétalas voaram. E no chão ficou a memória também, do vermelho...!
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