Gosta do silêncio da floresta, dos atapetados carreiros
de folhas, um verde seco a acastanhar-se em nervuras, pecíolos e limbos, do
musgo a crescer na casca das árvores. Os raios de sol obliquam-se ao entardecer
e ele ganha coragem, solta-se do bloco de notas onde plasmava quieto há já alguns
dias à espera de cor. Tardava.
Estica as patas traseiras e num salto, sai pela janela
aberta, ou pela porta, ou pelos buracos não identificados que todas as casas
possuem sem o saberem e por onde deslizam os pensamentos noturnos, os suspiros
e as interjeições.
Eu não dou por nada. A minha cabeça pousa no meu braço
esquerdo e este na mesa e a mesa no chão e eu adormeço cansada a largar riscos
de tinta e a desejar um conto que alguém me contasse que não eu, era uma vez um
coelho muito pequeno e tão manso em busca de bagas vermelhas e de fios de seda.
Rapidamente ele decifra os códigos de linguagem dos outros
seres de quatro patas, pelo macio e cauda curta, acostuma-se às tocas e aos trevos
de quatro folhas, estica e encolhe as orelhas quatro vezes a escutar o vento e
os peixes do rio a gorgolejar.
Pela madrugada esfria sempre um pouco e a minha mão
direita cobre-se de frieiras e de um floco de neve. O coelho regressa pelo caminho
secreto dos adventos, a boca e o nariz com um pingo de rosa e três bagas de
zimbro ou azevinho ou pimenta do reino para aquecer. Atrás dele um outro coelho, ainda mais pequeno, dócil
e é quase natal.
11 comentários:
É verdade é quase Natal.
Será que algum coelhinho sairá por esses buracos escondidos procurando um futuro mais bonito e um nascer do Sol com alegria e esperança...???
Atrás de um coelho segue outro mais pequeno e parece que não apresenta mudanças neste advento que se faz na floresta de folhas secas...
Da minha toca desejo-lhe um Santo Natal - Paz, Saúde e Bem.
Uma homenagem mais do que merecida ao meu eterno amigo "Cimbro" que nasceu a cinco de outubro e que nos deixou já muito velhinho.
Foi um grande amigo e um lutador permanente, o qual, nunca esquecerei...
Três bagas então, para ele!
Kriu?
Por aqui, já só faltam os roedores, porque todos os outros já cá moram e eu não tenho sossego...
Kriu!
.
.
. "quase natal" e um ano inteiro que fazemos por esquecer .
.
. que seja então este o momento em que renovamos as forças e que a coragem nunca nos desapareça do horizonte . por ora e ainda cinzento .
.
. "quase natal" . e nós . por ora e ainda .
.
. íssimo feliz .
.
.
MANUELA BAPTISTA
Vamos, lindo coelhinho, vamos:
Bravo, sai da toca!
( logo te conto uma história )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Dezembro de 2013
Pequeno coelho saltitante...
que vem aos pulos...
trazendo consigo o Natal!!!
Bjs e uma ótima semana!
Bia
Olá, Manuela!
Mas afinal o coelhinho sempre acordou a tempo.E juntando então inspiração a três bagas de zimbro, escreveu um bonito conto de boas vindas ao Natal; que já não mora longe, é bem verdade.
Boa semana, com um abraço
Vitor
"... os códigos dos outros seres de quatro patas...", como essa frase linda me tocou as rodas da cama articulada, também eu fui princesa, e sou agora santa,
olhe,
vá escrevendo, que tem ali uma leitora coelhinha, às tantas, até da Playboy, pelo tratamento que levo daqueles excedentes populacionais da Cova da Moura,
no fundo, qualquer coisa lhes serve
:-*
Uma ternura de coelhinhos.
Chega o inverno e a poesia reveste-se de pelagens: é então que a plumagem da contadora de histórias se abre, em todo o seu esplendor de ave do paraíso.
Quem tem medo do inverno, assim? :-)
É quase Natal e a magia acontece. Creio que existirá por toda a parte como bagas de todos os tamanhos. Ainda que para muitos quase nada.
Bom fim de semana para si, Manuela.
pois é!
é quase Natal (não para todos,infelizmente).
:)
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