era uma vez uma terra
construída devagar tinha dez casas pequenas de telhados inclinados
para que o vento a soprar não as viesse quebrar nelas deslizava o sal vindo do lado do mar
era uma menina quieta deitada na relva fresca tão calada encimesmada
sonhada por um escultor que a escreveu em pedra tosca sem um menino de prata para a fazer rir ou dançar
e quando os barcos parados ali mesmo ao pé da areia
sentiam que nas correntes das conchas e dos corais apenas uma baleia sussurrava essas canções
em histórias de marinheiros perdidos sem luz nem norte
porque sopra o vento forte
se as gaivotas de graciosas amaram tanto navio sem nunca perder o pio
que a coragem não se alcança na altura de um só grito em concerto desfasado de notas desencontradas
como um pescador aflito tão saudoso de ter tecto feito de estrelas cadentes candentes incandescentes
nossa senhora do mar dá-me a graça de pescar um cardume de brilhantes
peixes e caranguejos cavalos marinhos também
para eu galopar sem fim nas ondas tão altaneiras que por mim vêm morrer devagarinho na praia
e tão fresca está a noite
que a menina já esqueceu a tristeza de uma quadra segredada bem cantada
e só queria uma rosa e uma dança quieta como ela
e o rapaz de prata
com uma caixa de lata que tem lá dentro um tesouro feito de búzios pequenos
para pôr no seu pescoço em noite de lua cheia
com uma caixa de lata que tem lá dentro um tesouro feito de búzios pequenos
para pôr no seu pescoço em noite de lua cheia
esta é uma página sem pressa quase terra quase mar
(os meus desenhos de cadernos de viajar)
Manuela Baptista
2010/05/22
31 comentários:
Olá boa tarde Manuela
Li estes dois textos, mas tive de voltar a ler.
Os meus olhos meninos, não deixavam de brincar na reconstrução de um barco e de ondas naquela aldeia pequenina.
O seu estilo é tão cheio de vida e ternura que estes pequenos textos deixam-nos a sonhar.
Beijinhos
MANUELA BAPTISTA
Uma vez essa menina
espraiada junto à piscina
trouxe do mar liberdade
e encheu-se de vontade
Aos sonhos sonhou de tarde
ergueu-os com majestade
salpicou a terra fina
de pó brilhante e franzina
Enquanto dormia era quina
acordada lia a sina
de uma estória sem idade
Despida sem cor e sem mate
nadava de noite e que a ate
a inveja assassina
Pronto, matei a inveja!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Maio de 2010
Luís
como gostei que os seus olhos brincassem com os barcos e as ondas
com a aldeia de dez casas e com o sal nos telhados!
é o melhor cumprimento que me pode fazer!
obrigada e um abraço
Manuela
Jaime
ora não há melhor vacina para a minha feia inveja dos teus sonetos
do que a FARTURA!
hoje já foram dois ou três...
não sei se aguento muitos mais, estou ensonetada
Manuela
p.s.claro que está bonito!
Manuela
tão lindo este viver sem pressas, entre a terra e o mar...
Por vezes fico apenas maravilhada com histórias como esta e sem jeito para as comentar, sob pena de me tornar repetitiva.
Está lá toda a magia da vida à beira mar, nesse mar azul e branco de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Obrigada também por a trazer aqui, sempre gosto de a recordar.
Beijinhos
Branca
Manu.
estou aqui com um cartaz nas mãos requisitando minhas borboletas, rsrsrsrs, seja aquareladas ou em crayon, coloridas ou em preto e branco disfarçadas de mariposas.
Beijossssss
Renata
P.S Usei uma página em branco sua, leia no blog e entenderá o plágio.
Branca
já viu que azul e branco é o seu nome?
eu também acho que os blogues deviam ter som
assim fazíamos apenas Ohhh!
e era tão simples...
beijinhos e obrigada por se repetir! :))
Manuela
Renata
então e as cores do barquinho? agora são borboletas?
está bem, um dia desenho borboletas...
já lá irei à página em branco
beijinhos
Manuela
... não só mas também
:)))
os meninos hoje portaram-se mal,merecem um bom castigo hi hi hi...
ó gente! não estou a comentar a história, estou a responder à menina do mar, e ela sabe bem porquê... em compensação esta menina que escreve histórias marinheiras encavalitada no dorso das beleias porta-se muito bem, tão bem, que lhe trago de presente um bonito colar de búzios, um cavalo marinho para cavalgar as ondas e um menino de prata para a fazer rir e dançar... ah e também uma caixa de lata cheia de luar para ela soltar nas noites em que as sereias vierem cantar no areal...
pronto! o menino está perdoado?:))
Manuela, mais uma vez, muito obrigada por nos fazer sorrir e sonhar.
AMEI
um abraço e um beijo
Walter
Olá querida
Esses cadernos são preciosos, quantos desenhos lindos de traços firmes.
Belo coração cheio de historias para nos emocionar, vamos lendo sem pressa de chegar.
Com muito carinho BJS.
Walter
e quem escreve no dorso das baleias
pode lá ficar sem perdoar seja o que for?
o colar de búzios é o mais belo dos presentes, porque em cada um deles
podemos ouvir o mar ao longe!
até amanhã menino de ouro!
um beijo
Manuela
Rufina
e para si um caderninho de prata!
um beijo
Manuela
Bom fim de semana Manuela,
Depois da tagarelice e de me ter rido muito com o 33, só não voltei aos meninos do outro lado porque estava à espera que a menina fosse lá tagarelar também, mas só foi reclamar... :)
Pois, sabe porque não lhe vim desejar bom fim de semana antes? Porque entretanto eu tinha aqui um trabalho em mãos para um Pássaro, mas não estava capaz nas vossa horas, adormeci e vim agora fazê-lo. Até parece combinado com o nosso outro menino, mas não foi, o Pássaro já sabia da minha intenção por estes dias.
E a vida acontece nesta interacção de amizade feita.
Então um grande e feliz Domingo para a "Menina do Mar" e seu companheiro.
Até amanhã
Branca
Piu piu piu...
Olha!mas eu já pousei aqui, não pousei?
Ah pois... é o quintal da moça das papoilas que escreve histórias no fundo do mar, para ter sempre a cabecinha fresca e a imaginação não lhe faltar. Mas como é que não se afoga?
Ah...já sei! nas noites de lua cheia, em vez de lobisomem transforma-se em sereia... ah que lindo! e depois vem cá cima e sobe às árvores para desenhar o mar por cima e os telhados inclinados cheios de ninhos das minhas amigas andorinhas e nunca se esquece dos pescadores e dos barquinhos onde eu gosto muito de pousar. Sabe... menina papoila do mar, nós os pássaros também desenhamos lindamente, gostamos muito de desenhar sorrisos nos rostos das boas almas, corações no céu e pautas de música p'ra nossa passarada cantar por entre os arvoredos onde há gnomos fadas e duendes... olhe menina! aquilo é cada bailarico, que nem lhe passa p'la cabeça. A menina acredita em mim, não acredita? Sabe... ainda há gente que não acredita em nós, pensam que não sabemos das coisas e que não as sentimos, enfim... p´ra elas não passamos de um monte de penas que só serve p´ra decorar as árvores e os beirais e é quando não nos enclausuram dentro de gaiolas e depois põem-se-nos a fazer fusquetas e a dizerem: "canta pássaro canta pássaro", um pássaro lá tem vontade de cantar todo enferrolhado e gradeado, menina? Mas se cantamos e é de manhã bem cedo, mandam-nos calar, que querem dormir, que estão com dor de cabeça e não sei mais o quê...
Olhe menina, eu tenho que voar, já estou atrasadito para um encontro que marquei num loureiro... piu piuuu piuuuuuuuuuuu...:)
Gostei muito deste bocadinho, quando puder pouso por aqui, só p'ra ver que história tem depois para nos contar...
Adeus menina papoila do mar!
Um abraço de asas e uma bicadinha
O. P.
.
. era uma vez um sonho a dois,,, na perene certeza do que virá depois .
.
. era uma vez um conto repleto de ilusões, na ascese mayor de tantas as uniões .
. emoções .
.
. sensações .
.
. convicções .
.
. manuela,,, "amei.de.amar" .
.
. e deixo um beijo total e o desejo a.final de um soberbo domingo .
.
. sempre e para sempre,,, .
.
. paulo .
.
Branca
perdoada da ausência de desejoso bom.fim.de.semana
porque pecado não cometeu
resmungona aqui sou mesmo eu!!
e depois de um cochilo a inspiração triplica ou esmorece de vez, o que parece não ter sido o caso...avaliarei a seu tempo :))
BOM DOMINGO!
beijinhos
Manuela
Pássaro
deste em nocturno? estavas cá com uma corda esta madrugada...
eu acho que és um pássaro de corda com coração de gente!
ou és gente com coração de pássaro?
não sei qual das duas hipóteses é a mais bonita!
um beijo
Manuela
Paulo
que a nossa senhora do mar lhe dê a graça de pescar
a.final
sempre e para sempre
uma felicidade mayor do que a maior das baleias
azuis e brancas!
um beijo
Manuela
*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸♥Histórias onde os protagonistas somos nós.
Bela, esta. Plena de odores, cores, sensações.
Deixo um beijo
*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•.¸¸♥*•♪♫•*♥•♪♫•*¨*•¸¸♥
AnaMar
protagonista acrescentada desta história
de mar
e de ana também!
...como é que faz esse comboiozinho de colcheias?
um beijo
Manuela
Manuela,
sem pressa,
entre a terra
quase mar...
sonho com tesouros escondidos
que tenho
que descobrir.
aos poucos,
nesta casinha mágica sinto novos
sonhos nascer...
sabe Manuela,
apetece-me ir para o céu brincar..
a culpa é dos desenhos do seu caderno de viajar.
beijinhos gratos e amigos
"...era uma menina quieta deitada na relva fresca tão calada ensimesmada
sonhada por um escultor que a escreveu em pedra tosca sem um menino de prata para a fazer rir ou dançar..."
ouso dizer à menina que não espere
que vá por aí à procura do menino
e encontrando-o o menino que quer a vida
que de tanto querer a vida dançem
que de tanto dançarem riam
que de tanto rirem apertem as mãos
num abraço de conversa
ouso por isso dizer à menina que faça sua procura seu fado
e pode ser que encontre um dia a primavera...
"Ai, quem me dera terminasse a espera
Retomasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estacasse enfim
Ai, quem me dera ver morrer a fera
Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manha feliz
Ai, quem dera uma estação de amor
Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem casais
Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo o mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser de mais
E não haver mais solidão ruim
Ai, quem me dera ouvir o nunca mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim."
(Vinicius de Moraes)
Manuela, Olá...que maravilha..!
Mais um obrigado por me encantar neste meu dia...
e um abraço do meu coração.
dulce ac
Canduxa
para o céu não sei...
mas na relva fresca talvez, a contar segredos à menina-estátua
beijinhos
Manuela
Dulce
e como eu gosto tanto desses versos de Vinicius!
obrigada!
beijinhos
Manuela
Era uma vez uma terra...
Como sempre,tuas histórias são bem elaboradas,bem escritas...Sem pressa.
E nos fazem viajar por encantos mil.
Como diria o Paulo: bel.íssima!
Um grande beijo
como diria eu
Lindíssima!
beijinhos
Manuela
Cheguei apertadinha, espremida e pisadinha no machimbombo do vizinho do lado. Vim dar uma voltinha enquanto espero pela continuação da história, que ameaça transformar-se numa novela em episódios, para fazer concorrência à TV, :))
Bem, tomaram as televisões argumentistas deste gabarito...!
Por acaso também escreve ou faz teatro, Manuela? Mas, o que é que não fará?
Já nada me surpreende nesta "Menina do Mar"...!(No bom sentido.)
Beijinhos
Branca
Branca
teatro também já fiz!
e continuo a fazer...não tinha reparado? :))
Manuela
...beijinhos Branca!!!
Manela
Bonita é a terra construída devagar...Bonita é a menina que mora numa das dez casas...á espera que o sonho venha do mar...
Bonitos são os barcos parados ali no cais...Bonitas, são as tuas histórias cheias de sinais...
Bonito é o vento forte a respirar...Bonito é o pescador com saudades do mar...Bonita é Nossa Senhora do mar... Bonito é o teu modo de contar...Bonitas são as ondas a morrer...Bonitas são as histórias a nascer...Bonito, Bonito...é o bonito de não caber nas palavras...
Beijos de todas as cores.
Graça
Graça Pereira
bonita é a casa que guardo para ti
dentro do meu coração!
beijinhos
Manuela
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