a hora do lobo é aquela que tememos
tremida a lua em cortinados de telhas
fantasmagóricas sombras desenhamos
nas árvores que de sombrias sabemos
.
tão de cor como de cor nós somos feitos
aguarelas que de água são brancura
em sentimentos de ternura liquefeitos
na escuridão de um poço de lonjura
.
esconjuramos o medo que nos aperta o peito
murcham espectros nas rosas perfumadas
e descerrando devagar as pálpebras cansadas
.
escrevemos contos nas estrelas já tingidas
em brilhos de tesouros bem guardadas
pois pétalas e folhas são as jóias preferidas
( fotos de mb)
tremida a lua em cortinados de telhas
fantasmagóricas sombras desenhamos
nas árvores que de sombrias sabemos
.
tão de cor como de cor nós somos feitos
aguarelas que de água são brancura
em sentimentos de ternura liquefeitos
na escuridão de um poço de lonjura
.
esconjuramos o medo que nos aperta o peito
murcham espectros nas rosas perfumadas
e descerrando devagar as pálpebras cansadas
.
escrevemos contos nas estrelas já tingidas
em brilhos de tesouros bem guardadas
pois pétalas e folhas são as jóias preferidas
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esta é uma página aluada
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Manuela Baptista
2010/05/26
28 comentários:
NOCTURNO
Nocturno se levanta sobre as telhas
é lua que se acende como lâmpada
resguardam-se rebanhos e ovelhas
ao abrir-se a cortina que me encanta
Escorre lua abaixo numa rampa
a mole da invenção e coisas velhas
abre-se meu cérebro como tampa
de onde sai poema e loisas relhas
Uivo como lobo na centelha
de tuas imagens belas onde se estampa
como escrever cantar minhas procelas
Num poço de ternura forte e santa
esconjurando o medo e as mazelas
ilumino estrelas e tua manta
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Maio de 2010
Jaime
o meu soneto é mais bonito do que o teu!
Manuela
MANUELA BAPTISTA
Ups!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Maio de 2010
Ai, Manuela,
Nocturna e aluada ando eu hoje.
Já viu que horas são e nem sequer vi os blogues dos amigos?
Tinha um correio cheio de perguntas e coisas bonitas. Uma delas ainda vai hoje mesmo para um post.
Não sei é se ainda tenho forças para comentar este belíssimo soneto, embora esteja cheio de sombras e medos.
Mas o que é o medo? Era uma pergunta que fazia aos meus filhos em pequeninos, não se apalpa, não se vê, porquê o medo, medo de quê, haverá razão de existir? Bem, mas estes eram os medos menos concretos, os outros todos temos não é? Sobretudo o medo de adoecermos, mas quando acontece e a todos os que tenho visto acontecer, perdem o medo e vão à luta. Tenho reparado que o medo se sente mais no antes que no durante e no depois. É o medo do desconhecido...
Já é mais o sono que fala por mim, amanhã volto, está bem? Não sei se estou muito lúcida a esta hora.
Beijinhos e boa noite.
Branca
"esconjuramos o medo que nos aperta o peito"
Olá Manuela...
gostei muito deste soneto...!
o medo enfrenta-nos e nós devemos entendê-lo...
talvez transformá-lo ...
e eis que chega num vento tão terno, mais vida...
"O medo não habita a nossa casa
O medo transforma a nossa casa em fortaleza
Tranca portas e janelas
Esconde-se debaixo da mesa.
Mas vem Jesus e senta-nos à mesa
Começa a contar histórias e estrelas
Leva-nos até ao colo de Abraão, até à Criação,
Sopra sobre nós um vento novo,
Rasga uma estrada direitinha ao coração:
Chama-se Perdão, Espírito, Nova Criação.
Varrido para o canto da casa pelo vento,
Rapidamente todo o medo arde.
Ardem também bolsas, portas e paredes,
E surge um lume novo a arder dentro de nós
Mas esse não nos queima nem o podemos apagar.
Estamos lá tantos à roda desse vento, desse fogo,
Com esse vento, com esse fogo dentro,
Portugueses, russos, gregos e chineses,
Começamos a falar e tão bem nos entendemos,
Que custa a crer que tenhamos passaportes diferentes.
E afinal não temos.
Vendo melhor, maternais mãos invisíveis nos embalam,
Nos sustentam.
Sentimos que estamos a nascer de novo,
Percebemos que somos irmãos,
Filhos renascidos deste vento, deste lume.
E não é verdade que falamos,
Mas que alguém dentro de nós chama por Deus
Como um menino pelo Pai."
(D. António Couto)
Um beijinho de bom dia..!
dulce
"esconjuramos o medo que nos aperta o peito".
Não ter medo. Entre ti e a tristeza apenas a nitidez de um poema que sempre te devolve o lugar onde se perpetuam os sonhos.
Um belo soneto, minha amiga!
Olá Manuela!
O soneto é lindíssimo sim!
Se é mais bonito do que o do Jaime? Não sei! A menina das papoilas diz que sim... os dois juntos formam o mais belo de todos os sonetos, isso sim!
Manuela, ao longo da vida aprendi a lidar com os meus medos, a contorná-los, foi necessário fazê-lo... já teria sido aniquilado por eles, se eu próprio não aprendesse a meter-lhe medo a eles, contudo há um medo que persiste, talvez o único verdadeiramente assustador para mim: tenho medo de ver partir aqueles que amo antes de mim!
A branca tem razão (quanto a mim), quando diz, que "o medo acontece mais no antes do que no durante e depois..." percebo porque o diz e o quanto em mim cabe esta expressão!
Manuela, eu gostei muito desta foto, com uma ambiência algo assombrosa, está mais para uma pintura...
Parabéns!
beijo grande
Walter
WALTER
Meu Caro,
Pela minha parte, obrigado pela lisonja!
A Branca e o Meu Amigo têm, de facto, razão, é no antes que o medo nos assola verdadeiramente porque depois, depois vê-se a fibra de quem por ele é atingido ...
Há que encará-lo, ao medo e fazer-lhe frente!
Um gratificado abraço
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Maio de 2010
volto de novo...
eu também tenho este medo
de em qualquer dos meus dias
voltar a acontecer desejar tanto um abraço e já não ter aquela pessoa num encontro para lho dar...
este é um medo de que já sei o sentir e na verdade...
na verdade talvez por isso,
hoje abraço muito mais quem gosto
porque na verdade também não sei se cá estarei amanhã...
por isso vos dou sempre aquele abraço inequívoco
sempre que nos encontramos (Olá Manuela e Jaime..!)
dulce ac
Branca
não sei porquê
mas tem sido assim
a Branca escreve na madrugada
eu comento na noite seguinte
com um dia e uma noite pelo meio as suas palavras ficam por aqui em banho-branco
porque maria sou eu!
quando fala dos seus filhos e do medo, lembro-me daquele jogo que as crianças adoram em que se canta "enquanto o lobo não vem" e se pergunta ao lobo tudo o que ele está a fazer e nós divertimo-nos na floresta enquanto o lobo não vem e depois quando ele finalmente vem
o coração bate com mais força e damos gritos de medo e de alegria...se conseguimos escapar!
e muitas vezes é o medo que nos salva a pele...
mas este poema saiu soneto e amuleto
beijinhos
Manuela
Dulcíssima!
filha renascida deste vento,
deste lume
com António missionário (não é?)e tanta vez me encontrei debaixo da mesa e quem fugia era o medo e não eu...
bonito texto! Obrigada!
um beijinho de boa noite
Manuela
Graça Pires
poetisa que eu não sei onde está
mas que gosto de ter aqui
e se diz "um belo soneto"
eu respondo
obrigada amiga!
beijos
Manuela
Walter
...é...é mais bonito, o meu...
ai, ai, eu adoro teimar!
esse é o maior dos medos! ver partir antes de nós os que amamos e percebo-o muito bem,
esta foto foi tirada em noite de quarto crescente e estava tão bonito e um pouco nublado e húmido e cheirava tão bem e até ouvi os lobos :))
beijinhos Walter!
Manuela
Dulce
espere aí!ainda nos vai poder estrafegar durante mais uns tempos...
mas aperte se faz favor :))
estrafegos apertados
manuela
A TODOS
meus queridos
não queria que tivessem medo
do medo que eu não tenho
é como ouvir uivar um lobo e ter uma cama quente onde esconder a cabeça e dizer uma lenga-lenga para afastar as sombras
e descobrir que a noite tem mais segredos que cada um de nós
sabem lá
o que as rosas murchas são capazes de fazer enquanto dormimos!
bonitas são as jóias que escolhi!
abraço-vos
Manuela
.
. aluada . e na ascese penúmbrica que me extasia e me faz voar .
.
. rumo a uma dimensão de que também gosto .
.
. e aposto que esta página tem lua ,,, marcelina .
. um beijo total,,, menina das sílabas sábias .
.
. paulo .
.
O medo que nos aperta o peito...
... Eu tenho medo do escuro...
E durmo sempre com uma luz acesa !...Mesmo que seja uma luz daquelas de criança, que na verdade clareiam pouco, mas dão uma sensação de segurança! rsrsrsrsrs
...
Tenho medo dos homens que são lobos dos outros homens...
Tenho medo de tantas coisas...
Vivo cercada por grades, com medo da violência...
Mas o medo não tá com nada!...
E eu já estou aluada,vou deixar vocês com um beijinho de boa noite,
fiquem bem...
Um abraço
aluado
não assustado
tem lua sim
marcelino
e há tanto que voei!
um beijo total, Paulinho!
Manuela
Linda
se essa luz de criança
tiver um carossel
com cavalinhos a relinchar...
então
pode ficar ligada!
mas eu gosto mais da janela aberta :)
talvez um dia
não sejam precisas mais grades não!
beijinhos
Manuela
Adoro a hora do lobo, rsrsrs...
Perdi o medo faz tempo, lobo afasto, lobisomem já não vejo há tempo, será que morreram com balas de prata.
Você é 1000 Manu.
Bom fim de semana, em minha casa não tenho medo, coloquei, sensores, cerca elétrica, interfone com câmera e mais câmeras nos muros, enfim podem entar mas...
SORRIA VOCÊ ESTA SENDO FILMADO.
rsrsrsrsrsrsrsrs...
Renata.
Renata
gostei do "1000 Manu"!
...podemos entrar, sair é que já não se sabe :))
beijinhos
1 Manu(ela)
Uma das coisas que me faz feliz é recordar minha infância esta cascata fui várias vezes com meus finados pais, sentia o vapor no rosto, a água na boca, o nome dela é véu das noivas, lindo, sou natural de Minas Gerais e lá é simplesmente maravilhoso como brinco (1000)talvez a beleza e a alegria estejam relacionados com boas lembranças ou quiça apenas pela saudade que carregamos quando partimos.
Obrigada querida e você é 1000 Manu.
Beijo
e 1000 Renatas?
não! existe apenas UMA e é de Minas Gerais
que são as Minas mais bonitas da Terra!
bom fim de semana!
beijos
Manuela
Olá querida
Belo soneto, com algumas nuvens escuras que propícia o medo.
Por medo de diminuir deixamos de crescer.
Por medo de chorar deixamos de sorrir!!!
Com muito carinho BJS.
Manuela,
Gosto da jóias que escolheu…
pétalas e folhas
numa simbiose perfeita
de beleza e amor.
O soneto é belo
do Jaime também.
os contos que escreve nas estrelas são verdadeiros tesouros....
Mil beijinhos
CANDUXA
Ah ...!
Obrigado minha Amiga!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Maio de 2010
Rufina
depois das nuvens vem o sol!
sorrindo para crescer mais um bocadinho
dou-lhe um beijinho!
Manuela
Canduxa
a parte dos tesouros é a que eu mais gosto!
feliz por ter reparado nela...
um beijinho
Manuela
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