Nunca sabemos onde estão. Às vezes abrimos a gaveta dos lenços, aquela que raramente se abre, porque os lenços passaram a ser de papel como elas e dizemos "Olha, cá estão! As cartas que a mãe escreveu quando estávamos no colégio" e ela dizia, portem-se bem! estudem todos os dias e nós chorávamos porque não queríamos estar ali tão longe e tão frio com saudades de casa ou então quando arrumamos as prateleiras dos livros e descobrimos, entre "Na Patagónia" e " A Maravilhosa Viagem de Nils Olgersson Através da Suécia", os postais que nos enviavam os amigos em férias ou os desconhecidos com quem nunca viajámos, mas com os quais gostaríamos de ter viajado.
Depois, as cartas de quando éramos tão jovens e tão inocentes e nos diziam "Achas possível sonhar assim?" e nós respondíamos que se não sonhássemos assim e agora, quando sonharíamos? Essas escondemo-las entre os sabonetes para não perderem o odor, para que os sonhos permaneçam contagiados pelas pétalas das flores, pelo cheiro da lavanda e da alfazema.
E as misteriosas, cheias de segredos, de mentiras, não sabemos onde estão...
Umas vezes aparecem no armário do sótão, debaixo da cama ou no velho livro de receitas, outras vezes desaparecem e não as vimos mais.
As de amor, são cartas bonitas que sabemos de cor "Meu amor se eu fosse peixe, levava-te comigo para o fundo do mar, vestia-te de algas e corais, sentava-te num trono de cristais e soltava os ventos e as tempestades, para que antes, mesmo antes de morreres, eu te pudesse salvar!". São as que têm mais folhas, reconhecem-se pela cor do papel, guardam-se em montinhos atados com uma fita de seda encarnada, manchada pelo tempo e pelo sal das lágrimas. Habitam as caixas mais belas a cheirar a madeira encerada e apenas nós, sabemos onde estão.
E aquelas tão breves, que romperam qualquer coisa dentro de nós, que nos magoaram, que nos ensinaram que as traições possuem nome e rosto e que a alegria tem tantas vezes os dias contados e a essas não respondíamos, porque não há mais nada a dizer quando nunca se disse tudo e estão ali na gaveta das facas, das de trinchar e das outras.
Das que não recebemos sentimos a falta, como de uma fina chávena de porcelana para beber o chá, porque a porcelana para o chá tem de ser fina, para que realce o seu sabor, para que cada folha se possa distender e dizer, fico aqui, porque aqui é o meu lugar.
Mas quando não ousámos sequer acariciar o papel de uma carta, cheirá-lo, esticá-lo para tirar as rugas, pegar na caneta, mordiscá-la, rolá-la entre os dedos, desenhar a data, depois o nome, olhá-lo, efabular um discurso, um pedido, um desejar a medo, saber escolher as palavras, ouvir o som do coração a bater, contar o que não contámos, dizer até breve fica bem e não estar bem, dobrar o papel, lamber a cola do envelope, quando ainda tinha cola, colar o selo, quando ainda havia selo, essas são as cartas que nunca escrevemos. Não ocupam espaço, não precisam de gavetas, nem de livros, nem de prateleiras, nem de sótãos, nem das caixas mais belas a cheirar a madeira encerada, não se guardam em montinhos, porque da fita de seda encarnada manchada pelo tempo e pelas lágrimas, elas são apenas e somente o laço.
Depois, as cartas de quando éramos tão jovens e tão inocentes e nos diziam "Achas possível sonhar assim?" e nós respondíamos que se não sonhássemos assim e agora, quando sonharíamos? Essas escondemo-las entre os sabonetes para não perderem o odor, para que os sonhos permaneçam contagiados pelas pétalas das flores, pelo cheiro da lavanda e da alfazema.
E as misteriosas, cheias de segredos, de mentiras, não sabemos onde estão...
Umas vezes aparecem no armário do sótão, debaixo da cama ou no velho livro de receitas, outras vezes desaparecem e não as vimos mais.
As de amor, são cartas bonitas que sabemos de cor "Meu amor se eu fosse peixe, levava-te comigo para o fundo do mar, vestia-te de algas e corais, sentava-te num trono de cristais e soltava os ventos e as tempestades, para que antes, mesmo antes de morreres, eu te pudesse salvar!". São as que têm mais folhas, reconhecem-se pela cor do papel, guardam-se em montinhos atados com uma fita de seda encarnada, manchada pelo tempo e pelo sal das lágrimas. Habitam as caixas mais belas a cheirar a madeira encerada e apenas nós, sabemos onde estão.
E aquelas tão breves, que romperam qualquer coisa dentro de nós, que nos magoaram, que nos ensinaram que as traições possuem nome e rosto e que a alegria tem tantas vezes os dias contados e a essas não respondíamos, porque não há mais nada a dizer quando nunca se disse tudo e estão ali na gaveta das facas, das de trinchar e das outras.
Das que não recebemos sentimos a falta, como de uma fina chávena de porcelana para beber o chá, porque a porcelana para o chá tem de ser fina, para que realce o seu sabor, para que cada folha se possa distender e dizer, fico aqui, porque aqui é o meu lugar.
Mas quando não ousámos sequer acariciar o papel de uma carta, cheirá-lo, esticá-lo para tirar as rugas, pegar na caneta, mordiscá-la, rolá-la entre os dedos, desenhar a data, depois o nome, olhá-lo, efabular um discurso, um pedido, um desejar a medo, saber escolher as palavras, ouvir o som do coração a bater, contar o que não contámos, dizer até breve fica bem e não estar bem, dobrar o papel, lamber a cola do envelope, quando ainda tinha cola, colar o selo, quando ainda havia selo, essas são as cartas que nunca escrevemos. Não ocupam espaço, não precisam de gavetas, nem de livros, nem de prateleiras, nem de sótãos, nem das caixas mais belas a cheirar a madeira encerada, não se guardam em montinhos, porque da fita de seda encarnada manchada pelo tempo e pelas lágrimas, elas são apenas e somente o laço.
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pela inspiração de um amoroso gosto por molhinhos de cartas
agradeço
ao Paulo o seu lado luminoso
ao Walter que cativa a luz
e à Branca que reflecte a luz
pela inspiração de um amoroso gosto por molhinhos de cartas
agradeço
ao Paulo o seu lado luminoso
ao Walter que cativa a luz
e à Branca que reflecte a luz
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Manuela Baptista
Estoril, 19 de Janeiro 2010
45 comentários:
Manuela,
Lia a sua história já comovida na parte final e mal sabia que lá no fundo me incluía.
Ou é adivinha ou muito perceptiva, nem imagina como adoro cartas, como as escrevia aos molhos, desde os aerogramas diários no tempo da guerra colonial às outras, eram tantas que ainda hoje os carteiros da minha rua desde a adolescência são meus amigos, velhinhos e reformados mas de um sítio onde as pessoas ainda se conhecem bem. E tenho esses molhos todos, desde as do namoro até aos amigos e colegas. E tenho até as comoventes cartas de uma professora que me marcou pelos 13 anos e que já com 30 fui investigar e descobrir no Alentejo. Era uma religiosa que acabou por casar, com um filho já adulto e que me oferece constantemente a sua humilde casa.
Às vezes passo pelas suas cartas, todas com um pormenor encantador de uma pintura ou um desenho feito por si. Nunca um cartão seu é comprado, todos tão comoventes e construídos com a sua criatividade. Sempre foi uma artista da música, mesmo como freira tinha um trio musical, o que era raro aí pelos anos 60 numa ordem religiosa, mas vim a descobrir depois que também é uma artista noutras áreas, sobretudo na da sensibilidade. E nunca me esqueci dela porque ensinava os alunos a começar o dia com um sorriso, a sorrir para o cobrador do eléctrico, a fazer o dia dos outros bonito e eu sorria, sorria e treinava, treinava e as viagens tornavam-se tão divertidas porque o cobrador também sorria e tratava-nos com carinho.
Por vezes encontro também as cartas dos colegas, os desabafos.
Tenho uma capinha com imensas e longas cartas protegidas por micas do meu frei, professor e amigo, que me casou e baptizou os filhos e que durante mais de 14 anos trocou comigo correspondência desde Angola, as alegrias, as dores da guerra, os medos, a amizade eterna que permaneceu para além da morte, porque o outro Rito Dias que conheceu há tempos no meu sítio e que anda por Timor é irmão, dois irmãos missionários. Tenho tantos molhinhos de cartas, que durante alguns anos que estive em casa tratei com tanto carinho e cataloguei e agora que tenho menos tempo estão lá num cantinho de um armário à espera que as reveja.
Obrigada por mas ter lambrado, tenho andado a fazer algumas arrumações e aos poucos a encontrar memórias perdidas e que saudades tenho de escrever cartas, fazia-o tantas vezes até às 2h da manhã.
No Natal não havia ninguém que não recebesse um postal meu, este ano fi-lo apenas para quem ainda não usa o computador, por exemplo um amigo do meu pai que quando eu tinha 5 anos me fazia as vontades todas e me levava a dar uma voltinha na sua lambreta sempre que uma vez por semana faziam um serão lá em casa, um tempo em que ainda havia tempo para essas convivências.
Hoje deu-me tanto Manuela, porque antes de vir aqui vi o seu recadinho no meu sítio e agradeço-lhe imenso o ter-me lembrado que o meu querido Eugénio de Andrade fazia anos hoje, ele que foi dos primeiros senão o primeiro poeta que comecei a admirar e a ler, para mim dos maiores. No fim de semana falei muito dele num outro blog e aqui estou a escrever no mesmo prédio e sentada no andar abaixo daquele em que trabalhou e acabou os seus últimos dias profissionais por 1988,nos Serviços Médico-Sociais do Porto, hoje ARS Norte.
Guardo entre as cartas um conto inédito seu, publicado no jornal da casa de pessoal destes serviços no ano anterior ao meu nascimento, foi-me oferecido por um superior, seu amigo pessoal e também meu que sabendo da minha admiração pela sua poesia mo ofereceu nos seus últimos dias de vida. Tenho-o cuidadosamente protegido para um dia destes o levar à sua Fundação.
Parabéns querido Eugénio (José Fontinha).
Não posso deixar de ainda hoje lhe fazer uma referência por muito tarde que seja a ele que é uma referência maior para mim.
Obrigada Manuela por me ter levado hoje este poeta do amor, delicado de trato, simples e sensível, solitário e tão verdadeiro e por me ter lembrado os meus molhos de cartas. Hoje não vou de certeza deitar-me sem passar os olhos por alguns deles.
Beijinhos de amizade.
Branca
Beijinhos
CARTA
Quanta carta eu escrevi
trago no meu coração
contigo quão leve a vi
como seta sem senão
É uma carta conversa
vinda de um saguão
tem o que a carta interessa
para dar ao meu irmão
Ó quantas cartas me deste
a escrever na ocasião
com fino rasgo um teste
ao sabor de um serão
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Janeiro de 2010
Quando abrimos a gaveta do tempo, redescobrimos o que a memória guardou.
Mais um belíssimo texto que leio com prazer.
Um beijo
Chris
Aquelas que guardamos "entre os sabonetes para não perderem o odor, para que os sonhos permaneçam contagiados pelas pétalas das flores, pelo cheiro da lavanda e da alfazema".
É mesmo assim que se guardam as cartas e as lembranças e os amigos que deixamos de ver e se perderam no tempo, Manuela.
Beijíssimos
"Lindo o pormenor do molho de cartas, adoro a forma tradicional de comunicar, adoro cartas e tenho alguns molhos de amigos, alguns que já partiram, por isso me enternece tanto esta imagem e vou "roubá-la", posso? Guardá-la só para mim."
Branca
Não sou adivinha, mas leio o que os outros escrevem e comoveu-me a sua ternura pela forma de comunicar por excelência, que durante tanto tempo aproximou as pessoas, fez e desfez amores e outras dores...
Quanto à imagem não me atrevi a roubá-la, como é que poderia??
Aquele molhinho de cartas é a coisa mais bonita que anda por aí e mesmo que não sejam as de amor, para mim são-no!
Afinal, afinal, não posso assim de repente abandonar a ladroagem: roubei a ideia!
Agora só espero que o Paulo não resolva de repente mudar o cenário e lá se vai o molho!!
Tantas histórias Branca, que deve ter nesses seus arquivos fiquei a babar-me de inveja...
Celebremos então Eugénio de Andrade porque
"é urgente o amor
é urgente um barco no mar"
um grande abraço
Manuela
quantas cartas não escrevi
das que guardo em minha mão
tenho outras tantas escondidas
junto do coração
Jaime!! eu hoje
é só quadras daqui para ali!! Vou colocar um selo na testa e seguir em correio Azul...
Manuela
Chris
é bonito!! isso de abrir a gaveta do tempo...
como é que eu não me lembrei?? :)
beijos
Manuela
Filomena
têm tantos lugares
os amigos que se perderam no tempo...
e o tempo que nós perdemos
sem os amigos??
beijinhos
Manuela
Também encontrei muitos molhinhos de cartas atados com fitas de cetim vermelho, quando me mudei de Cascais para Gaia.
A memória atraiçoa-me no tempo.
As cartas devem estar algures num caixote ainda fechado garagem da minha irmã.
Bjis para a Manuela
Manuela Manuela,
Estou comovido... seu texto (maravilhoso), deu-me asas e voei...literalmente. Escrever cartas, à moda antiga concerteza, é prazer meu desde criança. Tenho um báu cheio, pricipalmente com cartas trocadas com os muitos amigos que tenho no Brasil e gosto de lá ir de vez em quando, só para sentir o perfume do tempo. Tenho um post no meu blog dedicado ao meu báu, aliás chamo-lhe "arca dos meus pequenos tesouros" - gosto mais...
Se ainda não viu, quando tiver tempo passe por lá. Minha amiga, eu não sei escrever bonito quanto você, mas... creio que o prazer será o mesmo.
Sensibilizado pela referência a meu respeito.
Obrigada pelo carinho
Beijinhos
.
. as de amor "guardam-se em montinhos atados com uma fita de seda encarnada, manchada pelo tempo e pelo sal das lágrimas" .
. em primeiro lugar, são todas do Walter, sabe Deus com quem, valha.me Deus, aquele rapaz, de sangue fervente e ardente .
. :) .
. em segundo lugar não sei o que dizer, estou para aqui tontinho e olhar para isto tudo como um burrico para um palácio .
. o seu conto, das cartas, sublime e que me comoveu muito .
. a dedicatória à Branca, ao Walter, e a mim próprio .
. quer a Branca, quer o Walter, são para mim muito importantes .
. o comentário de ambos .
. hoje é o dia que não sei comentar .
. nem juntar sílabas .
. a.penas agradecer . com a humildade que tenho como certa em mim .
.
g
r
a
t
.
í
s
s
i
m
o
.
a Si Manuela, e também ao Jaime, por me terem descoberto neste mundo de cabos .
.
.
. não sei dizer mais nada, aliás, nunca soube .
. um beijo total .
.
Lindissimo texto sobre o montinho de cartas que vi há dias no blog do "Intemporal" Paulo...
Posso dizer que apenas possuo cartas de um escritor meu amigo : Ferreira de Castro. Não me são dirigidas, mas eram para o meu pai.
Estavam amassadas, amarelecidas pelo tempo e exposição à luz...
Foi a única coisa "táctil" que fiquei do meu pai...assim como os muitos livros raros deste grande escritor.
Pensei hoje nas dezenas de cartas que recebia por dia enquantto jovem, seu destino? Provenientes de admiradores, paixonetas, normalmente escritas por mãos masculinas e que me deixavam encantada. Pois...mas não as tenho com lacinhos de seda, nem encarnados ou azuis...um dia alguém louco e ciumento as queimou. É, fiquei sem ligação ao passado mas se fechar os olhos e me concentrar elas começam a desfilar na minha memória e os odores que exalavam com pétalas que amorosamente nos envelopes me chegavam.
Fui madrinha de guerra ...nem essas não foram poupadas.
Fico contente que haja quem se imponha e contra tudo e todos as poupem (às cartas).
Parabéns para a Manuela por mais este texto lindo que fez muitas pessoas rebuscarem memórias...à Brancamar que é muito luminosa e se encanta com cartas, ao Paulo que se encantou com o molhinho de cartas do Walter. Para todos... parabéns.
Beijinhos
Manuela,
rebusquei memórias e lá do fundo da minha caixinha,tirei também fotos que me fizeram chorar o coração,neste dia de chuva aqui...
"Mas é claro que o Sol
vai voltar amanhã...
...
Beijoquinhas de saudade
Ana Cristina
então sabe onde é que elas estão...
um dia vai lá e no meio dos BMW e dos Ferrari descobre uma fitinha de cetim!
beijos
Manuela
Walter
descobrirei a arca dos seus pequenos tesouros, o baú dos segredos
dos amigos
da picanha
da farofa
da caipirinha
do bóbó de camarão
e do pão de queijo
mhan! cresce-me água na boca e saudades dos amigos que também lá deixei...
e se não sabe (?) escrever bonito quanto eu
a quem pertence o olhar que capta tão bonitas fotos??
As imagens desta página não se comparam com as suas...
e se não lhe pedi autorização para lhe roubar o molhinho de cartas, foi para o deixar à Branca que tanto gostou dele.
um beijo
Manuela
então burrico??
o palácio acabou de abrir as portadas!!
com o sol a alindar o quadro
digo-lhe, que gosto muito de burros, são uns bichos bonitos e meigos...
Eu sei que as cartas são do Walter, mas o Paulo deu-lhes o lugar mais bonito inspirando-me e a Branca comoveu-me com o seu amor por esta forma de comunicar.
Como vê, também eu tenho de procurar as palavras...
Agora estou para aqui a sentir um cabo enrolado no coração e desejo-lhe um dia de sol
mesmo que chova!
um beijo totalíssimo
Manuela
Fátima, Lisa e Linda
volto já!
Não me esqueço de vocês...
Manuela
É verdade, sim senhor.
Já pouco se escreve em papel hoje em dia.
E assim ficou adiada a tecnologia da implantação de sabores a frutos nas colas dos envelopes e selos!
Que saiba, nenhum dos meus 5 filhos (o mais velho tem 38, a mais nova 12) possuiu ou possui, molhos de cartas.
Está tudo amontoado, certamente, na memória dos ficheiros dos seus PC's, sem molhos, sem laços de seda.
Não há nada a fazer.
Até eu utilizo essa nova tecnologia, não a dispensando, como se vê.
Lindo texto, mais uma vez a demonstrar que se podem escrever obras de arte sobre coisas simples.
Beijos,
José
Também tenho algumas cartas guardadas, muito poucas, mas por serem poucas, se tornam mais preciosas ainda.. :)Não têm fita de setim, mas fio de mercearia, mas sempre que dou por elas na gaveta, estão envoltas em mistério e o amarelado papel reflecte a luz de anos dourados. Gosto muito de cartas. De as escrever e de as receber. Em papel. Um beijo
Fátima!!
as ridículas, esqueci-me das ridículas!!
Mas o Fernando Pessoa também não...
Beijos
Manuela
Lisa!!
"apenas" possui as de Ferreira de Castro?? Até sinto a lã e a neve a fazerem-me comichão no nariz...
Obrigada pelas palavras e pela amizade!
beijos
Manuela
José
eu ainda escrevia quando era pequenina:"Querida Tia.. e são os votos da sobrinha..."
Eu gosto muito de papéis e de canetas, mas já não passo sem o teclado do p.c. as ideias surgem melhor...
um abraço
Manuela
Manuela
Eva
o fio de mercearia, que já quase não existe, também tem o seu encanto...mais profundo.
Penso sempre que é assim que os piratas guardam os mapas do tesouro: atados com cordel!
Celebremos então o papel!
um beijo
Manuela
Linda
hoje houve uma troca nos céus! Aqui faz sol.
Abra lá a caixinha e mostre-me essas fotos e conte-me as histórias de quem as habita...
beijinhos
Manuela
Fique descansada Manuela... naquela "terra nua fria e crua", não toco mais. A frase com que termino, nada mais é do que uma mensagem de esperança.
Como você percebeu, o texto é uma clara alusão à desertificação humana, à solidão...
Também eu amo Sesimbra, é o meu porto de abrigo frequentemente. Não vou para o hotel do mar porque não preciso. Tenho terraço certo ( que é do mano mais novo e que lá não habita ), bem lá nos altos carrapetos, donde abraço toda a baía.
Manuela, agradeço seu gentil e generoso comentário. Nada sei da arte-de-bem-letrar, mas gosto de quem nela se sabe expressar...
E você fá-lo tão bem!
Beijinho
Manuela,
Cartas, atadas com fita de seda, que se guardavam em caixinha perfumada e com a indicação que era proibido tocar...
Cartas, que ao fim dos anos se transformaram em vivências, algumas boas outras menos boas mas que são uma vida, aquela que escolhemos viver.
Emocionei-me com a história e senti que era um pouco minha, também!
Hoje, os sonhos estão no coração, atados com laços feitos de luz e que desato com facilidade para me sentir mais livre e poder amar incondicionalmente.
Beijinhos com muito carinho
Manuela, olá.
Linda história, cartas, fotos tudo que nos trás um pouco do passado distante ou recente nos emociona e acaricia a alma.
Parabéns por ter este tesouro e compartilhar conosco um pouco desta nostalgia. E tem bastante gente agora participando, mande por favor lembranças a Filomena e ao Jaime.
Beijo Renata
Walter
entre artes de bem letrar
dou-lhe um abraço :))
Manuela
Canduxa
os lugares do coração
são os mais seguros para guardarmos seja o que for!
Esta história também é sua, sim senhor!
beijinhos
Manuela
Renatita
avatar de flores silvestres!
este mar também é seu ou já não se lembra que anda por aqui desde que o sol raiou?
Darei os beijinhos que envia ao Jaime e à Filomena
um grande abraço
Manuela
Escrevi muitas cartas
Recebi muitas mais
Eram todas tão bonitas
Não vou esquecê-las mais
As minhas memórias arrumei-as um dia e parti à descoberta.
"Das que não recebemos sentimos a falta, como de uma fina chávena de porcelana para beber o chá, porque a porcelana para o chá tem de ser fina, para que realce o seu sabor, para que cada folha se possa distender e dizer, fico aqui, porque aqui é o meu lugar."
Voltei...para ficar, aqui, no lugar onde estou no imaginário de uma carta encontrada...
Que maravilha Manuela...e o que penso é que as cartas vão acontecendo também por aqui quando nos escrevemos com muitas ou com poucas palavras...de imediato escrevo e logo logo tenho uma resposta
E que sim...gosto muito
porque sou...
sou pelo nascer do sol
pela música da vida
sou pelo tempo perfeito
pela imperfeição do mundo
sou pelo que não é dito
sou por tudo o que é escrito
sou assim...
Três beijinhos com muita ternura para os três
com quem mais me escrevo...Manuela Jaime e José.
dulce
.
. um beijo total .
. de tão íssimo que é .
.
. :))) .
.
. paulo .
.
Luis
mesmo partindo à descoberta, as memórias seguem connosco...
e o que somos nós, sem elas?
um abraço
Manuela
Dulce
e se não tem uma resposta mais rápida
é porque o Jaime me rouba o pc!!
Agora já não quer saber do velho imac...
Para dizer a verdade, com esse não vamos a lado nenhum, perde-se entre cada página da net...
Ainda bem que voltou e faz aqui muita falta!
beijinhos
Manuela
Paulo
em abundância
de redudância
perissologia do meu escrever
de facto
total é só por si totalíssimo!!!
este extremismo que às vezes me ataca
deve ser por causa da cola dos selos :)))
um beijo
Manuela
As cartas têm sempre um sabor a eterno...é a vida a continuar-se no amor, na saudade, na dor e na alegria!
Gostei das tuas cartas aos molhos, atadas com laços e distribuídas em locais apropriados de acordo com a sua importância... Ao laço, sem nenhuma carta, vais preenchê-lo tu, Manela, com a tua imaginação com esss luz na alma onde se concertam harmonias e esse brilho que têm os teus dedos quando pegas numa folha em branco...
Ler-te, vai ser sempre uma surpresa!
Um beijo
Graça
.
. manuela .
. no tempo sem tempo em que este post está no ar . ainda não descobrimos a cola .
. a.penas a saliva . que nos seca o céu da boca repleto de estrelas .
. total.íssimo .
. o quê? .
. ora, o beij.íssimo .
.
. [. chove amanhã . um bom dia para as torradas .] .
.
. paulo .
.
Graça
saboreando a eternidade
e no preenchimento dos laços que sabemos dar e dos que aprendemos a receber
como folhas por escrever
beijos
Manuela
Paulo
ainda estou à espera da chuva!
mas já tenho os medronhos para o doce :))
até já
Manuela
Olá Manuela!
Guardo algumas cartas ainda que me marcaram, é bom lembrar
beijos
Palavras que nunca te direi, temos gavetas, arcas no sotão, entre folhas de livros, a abarrotar delas. Se as soltássemos esreveriam grandes histórias.
Maria Emília
Cris Tarcia
Olá!!
então leia lá uma...
beijos
Manuela
Maria Emília
esqueceu-se da garrafa para as guardar, fechar e lançar ao mar!
beijinhos
Manuela
levaste-me a uma viagem gostosa, de coisas perdidas: alegres ou não – cartas.
quando morava com meus pais, Mamãe era a guardiã de todas as nossas memórias. quando disseste de abrir gavetas... lembrei-me dela e contigo partilho parte dessas lembranças. vamos lá? – não sem antes deixar um abraço fraterno pra ti.
Lata de biscoitos
porque você queria
uma lata
de biscoitos
vazia
para encher
com bilhetes
cartões de natal
santinhos de primeira comunhão
epitáfios, sementes d’outras vidas
porque você queria
uma lata
de biscoitos
vazia
para encher
com fotografias
em preto e branco
monóculos coloridos
instantâneos de vidas
porque você queria
uma lata
de biscoitos
vazia
muito depois
que você se foi
encontrei uma lata
cheia... de retalhos de nossas vidas
(para Mamãe Dadinha)
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