(in my dreams, the angels fly...)
-
- Ouviste? - perguntou a criança.
- Talvez... é apenas o barulho do vento. - disse a mulher.
- Não é o vento, é o mar ao longe... Mãe, compras-me um cavalo? Um cavalo grande, branco como as nuvens, veloz como um raio, ágil como um esquilo! - perguntou a criança. - E também quero uma caixa de prata para guardar tesouros.
- Um dia terás o teu cavalo e uma caixa de prata, mas o que farás com os dois?
- Montado no meu cavalo branco, dou a volta ao mundo em três dias e na caixa coloco todas as coisas que me contarem segredos, um livro, um pente, um dente, uma faca para assustar os lobos.
A criança estremeceu. A mulher fez deslizar os dedos longos e macios pelo seu cabelo acariciando-lhe a nuca e perguntou:
- Tens medo?
- São pássaros! - gritou a criança - Tenho a certeza de que são pássaros! Será que vai nevar?
- Estamos perto do mar, talvez mais em cima...
- Até aos pássaros?
- Não! Muito mais acima!
- Mãe? É Natal?
- É!
- Então porque é que estamos sozinhos?
- Porque é o primeiro.
A mulher pegou na mão da criança e começaram a subir.
- Talvez... é apenas o barulho do vento. - disse a mulher.
- Não é o vento, é o mar ao longe... Mãe, compras-me um cavalo? Um cavalo grande, branco como as nuvens, veloz como um raio, ágil como um esquilo! - perguntou a criança. - E também quero uma caixa de prata para guardar tesouros.
- Um dia terás o teu cavalo e uma caixa de prata, mas o que farás com os dois?
- Montado no meu cavalo branco, dou a volta ao mundo em três dias e na caixa coloco todas as coisas que me contarem segredos, um livro, um pente, um dente, uma faca para assustar os lobos.
A criança estremeceu. A mulher fez deslizar os dedos longos e macios pelo seu cabelo acariciando-lhe a nuca e perguntou:
- Tens medo?
- São pássaros! - gritou a criança - Tenho a certeza de que são pássaros! Será que vai nevar?
- Estamos perto do mar, talvez mais em cima...
- Até aos pássaros?
- Não! Muito mais acima!
- Mãe? É Natal?
- É!
- Então porque é que estamos sozinhos?
- Porque é o primeiro.
A mulher pegou na mão da criança e começaram a subir.
-
Esta é a página segunda, daquilo que sendo um caminho
poderá ser apenas uma pergunta.
-
Manuela Baptista
Estoril, 6 de Dezembro 2009
-
foto:
62 comentários:
Batem leve, levemente, como quem chama por mim, será chuva, será gente, gente não é, certamente, e a chuva não bate assim. Fui ver... Pequenas histórias que deixam sempre à nossa imaginação a tarefa de as concluir.
Um grande beijinho,
Maria Emília
Manela:
"Mãe, é Natal? É! Então porque estamos sozinhos? Porque é o primeiro." E começava uma série de natais diferentes...O presépio estava quase vazio..Apenas a virgem e o menino! José, partira para uma longa viagem talvez á procura de uma casa verdadeira...os amigos, voaram como os pássaros quando advinham horas escuras...bateram em retirada
Os magos, esses, tinham perdido a estrela...
Que conto tão igual ás vidas verdadeiras!!
Um beijo
Graça
PRIMEIRO
No primeiro natal
mãe e filho estavam sozinhos
confundiam-se na amamentação umbilical saciada
O pai era uma voz distante
o mundo para lá do Mundo
sombras divagantes
e dispersas
talvez um cavalo
o mar
ou os pássaros
A caixa de prata
era o invólucro
que dos dois
mãe e filho
em um só os tornava
e onde os tesouros
todas as preciosidades
eram
delicadamente
imunes ao medo
para sempre guardadas
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Dezembro de 2009
Jaime
"A caixa de prata era o invólucro que dos dois mae e filho em um só os tornava"... e foi assim que venceram!
Poema tão significativo...
Um beijo
Graça
Manuela,
Todos temos uma caixa de prata one guardamos segredos, murmúrios e gritos, lágrimas e sorrisos, asas e cavalos.
Gostei do primeiro natal de muitos
Beijinho
Filomena
Maria Emília
É, nunca poderia escrever FIM depois do último parágrafo...
Beijinhos
Manuela
Graça
Voilá!!
Assim duma assentada chegaste ao fundo que eu avistei, sem barco...
O bonitinho não cabe, não sabe e muitas vezes é insultuoso.
um beijo
Manuela
Jaime
O teu PRIMEIRO (poema) é mais primeiro e único do que o meu momento!
Aparentemente o pai é a mais distante das vozes.
Manuela
Filomena
apaixonada por caixas de tesouros!
em qual guardaria o cavalo veloz que trouxesse depressa o dia 22 de Dezembro?
um beijo
Manuela
O Primeiro e mais significativo de todos...
...
Mãe e Filho.Simbiose perfeita.
...
Que o vento traga o murmúrio do mar...
Beijinhos
MANUELA BAPTISTA
Minha Querida,
A ser como escreves, no entanto, que seria do meu Primeiro sem o teu momento que surgiu em primeiro lugar ...!?
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Dezembro de 2009
GRAÇA PEREIRA
Querida Amiga,
Desculpe-me mas só agora Lhe agradeço, uma vez mais, a Sua atenção.
Um beijinho também para Si
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Dezembro de 2009
Bonito texto.
Quadro repetido todos os dias e todos os Natais onde tudo se perdeu sem nada ser esquecido.
Restam as vozes, o murmúrio ou o medo sem esperança.
Foram subindo de mãos dadas formando uma caixa de segredos sempre bem guardada.
A dor, o desejo e a esperança estarão por perto....?
"In my dreams, the angels fly..."
E a fotografia é também parte da história que hoje nos trouxe, e é-o tão bonita Manuela.
Uma criança e a sua mãe, implícita a união tão grande quase perfeita
e o barulho do vento, ou talvez
o ouvir-se das águas do mar, suaves, num som indelével aos tempos
E aquela criança desejou-o
não sei bem se por ser já (quase) natal...(?)
não,
desejou-o por sê-lo criança,
no ser mais perfeito que existe,
cristalino imaculado
desejou-o um cavalo branco, que numa sintonia ímpar o fosse grande e ágil
e uma caixa de prata que o seria de ouro, por nela ir guardar todos os tesouros que o seriam afectos ternura, momentos pessoas...
que o seriam trechos de vida, cumplicidades
E era afinal o ouvir do mar...
e de pássaros, certa disso estou, como a criança o estivera
E num voo frágil por tão perfeito
que o era murmúrio de almas quase perfeitas
mãe e filho foram-no entrelaçados,
num único sopro
foram-no para longe...
E por sabe-lo a criança- que era Natal,
e por sê-lo o primeiro,
não a deixou para trás e levou-a consigo,
a Esperança que já o era
procura e quem sabe já o era
similarmente Encontro...
E ouvimo-la ainda perguntar:
"será que vai nevar ?"
Manuela,
Muitos beijinhos de esperança, de um Natal que o seja diferente para muitos... que o seja de encontro que o seja sobretudo de muitos afectos,
Dulce
Linda
e o mais solitário...
um beijo
Manuela
Jaime
e antes do primeiro
quem escreveu
o quê?
um círculo perfeito não tem princípio nem fim
Manuela
Contracena
que sonha com nada
ofereço-lhe doze caixas
em cada caixa um objecto
de cena
e depois dou-lhe
um abraço
Manuela
direitinho
obrigada pelas suas palavras!
respondendo
a dor
o desejo
e a esperança
estão sempre por perto
...
um abraço
Manuela Baptista
Dulce
apenas alguém que é mãe poderia escrever um comentário como o seu!
Com crianças por perto, o sentido do Natal tem de ser
perfeito
para não repetirem
não copiarem
este não sentir que se apossou das pessoas
este fingir
que se é família, não o sendo
a intolerância
pelo que é diferente
o medo
de tocar o outro
apenas porque ele espirrou!
Um beijo
Manuela
É verdade Manuela...
Olá.
Sou mãe, mas não obstante também o sou ainda criança
e não obstante o ser,
já numa maturidade de vida e de vivências, tantas que o sejam
que o tenham sido mais alegres
ou mais tristes,
Deus sabe quanto esforço em tornar os momentos implicados mais presentes mais bonitos...
Deus sabe o esforço que o é sê-lo assim, numa quase magia que o é quase perfeita...
muito mais para Outros,
e sobretudo para o filho ou para a filha,
para Eles sempre o nosso mais aprimorado Sentir,
mesmo que não deixando de o ser doloroso, por não o ser completamente,
Só Deus e cada um de nós o sabe...
Um grande abraçinho.
Neste natal decidi combater a solidão dos que por perto vão estando de mim,
porque assim também me implico no lutar pela minha...
Porque a mantenho viva nesse Sentir,
no tê-la: a Esperança.
Dulce
Manuela,
Devo repor a verdade nas minhas palavras de há pouco
a minha verdade
se me impliquei
implico hoje com Outros
implicar-me-ei muito mais
...
E que não o será somente no Natal...
é-o inquestionável para mim!
Beijos!
Dulce
Dulce
concordo consigo.
Implicar significa comprometimento e quando cativamos as pessoas, os ideais ou as coisas, nunca mais as podemos abandonar.
O contrário seria uma traição!
Até amanhã
um beijinho
Manuela
Manuela,
olá.
"Nunca mais" e "traição",
são-no duas palavras pouco assertivas
e nestas não me revejo,
não sei se nunca mais,
isso para mim é um saber que desconheço
e não será traição,
se-lo-á antes um ter aprendido com a vivência, a minha, precisamente no implicar-me.
Pois que ninguém o é: imutável.
E eu estou na vida com assertividade, aprendendo.
Sendo-o permeável a mudanças, também com pessoas se estas o deixarem de ser,
consonantes comigo.
Beijinhos.
Dulce.
Dulce
pois é, mas eu às vezes não sou nada assertiva!
Sou serena
mas apaixonada
sou calma
mas também grito
gosto dos limites
mas odeio as fronteiras
quando alguém bate com a porta
deixo-o sair
No Entanto
eu é que me expliquei mal!
quando falo em não abandonar
falo daqueles a que a Dulce se refere os Outros
ora se o são com letra maiúscula, é porque são importantes
falo dos filhos
dos pais
e dos amigos
e daqueles que partilham connosco valores e demandas!
Bom feriado
e beijinhos
Manuela
Olá Manuela!
Que boa tão boa surpresa me esperava neste meu dia: conhecê-la, conhecer-vos!
Dar-vos um abraço!
É disto que falo quando digo que sou uma pessoa de outras pessoas, algumas (...)
E vocês acreditem-me que as partilhas que por aqui e por lá vamos construindo, são-no preenchimento de bons momentos de vida e se precisamos deles meus Amigos!
É viciante, como vos dizia hoje vir e estar convosco, porque o são extraórdinariamente sinceros motivantes desafiantes, pelos temas que nos trazem e a forma de os trazerem,
pelas histórias Manuela que já aqui VIVI, que mexem e remexem com tanto cá dentro muitas vezes no mais profundo de um sentir, que é o nosso.
É este Vosso estar que sempre me implicou e senão o for hoje... amanhã cá estarei com maior motivação!
E agora que Vos conheço, vou querer estar mais convosco engraçado não deixar de o sentir...uma cúmplicidade num simples abraço por saber que pelas palavras que por aqui vou escrevendo já me conhecem mais e melhor que muitos dos Outros, com quem privo e com quem estou em tantos outros momentos.
E às vezes parecendo que estamos mais sós no pensar e no sentir não o estamos pois cruzando-nos percebemos que afinal somos parecidos que afinal não somos assim tão diferentes, somos cada um de nós no sê-lo "únicos", é verdade...
mas não tão diferentes...
Gostei muito Manuela e Jaime
mesmo muito de Vos conhecer hoje!!
E Manuela, eu é que me expliquei mal, pois tudo o que escreveu subscrevo-o em absoluto.
Sabe eu costumo dizer a brincar (mas as palavras são-no mais sérias) que os 40 anos me trouxeram outra sabedoria (por uma série de circunstâncias, que me permitiram crescer pois é disso que se trata, aprender...), a de que não tenho que gostar de estar igualmente com todos, a de que tenho a liberdade de poder dizer que quero estar aqui e não noutro lugar. Posso escolher os Amigos. E aí sou-a assertiva para mim e já não é o ser assertivo de que lhe falava, expliquei-me mal.
E quando digo que sou assertiva é porque sendo-o cúmplice em muitas situações, estas promovem-me conhecer pessoas que se tornam inquestionáveis para mim, numa consonância idêntica à minha, que se revela precisamente em iguais valores e mesmas demandas!
Muitos Beijos e abracinhos!
E Obrigados por existirem aqui e "lá" e sobretudo por persistirem!!
Acompanhar-Vos-ei!!
Dulce.
O filho acabara de ser colocado no regaço da mãe.
Cansada, a mãe adormeceu.
O sonho começou com o roçar leve das asas dos anjos, que por perto cumpriam a tarefa de proteger os dois.
… tantos tesouros por descobrir, um longo caminho a percorrer.
Viram o mar, sentiram o vento, estremeceu o filho e sossegou com as carícias da mãe...desejava ter um cavalo e uma caixa...começaram ali os seus primeiros sonhos.
...é sempre mais acima que está a neve, que estão as estrelas,
que está a luz...não devemos nunca desistir!
O primeiro Natal, sozinhos!
O pai olhava embevecido o sorriso no rosto da mãe e do filho que dormiam como anjos.
Foi o seu primeiro Natal sozinho!
Manuela,
Espero não ter estragado a sua bela história….para mim ela teve a magia de um Natal cheio de neve.
Obrigado pelas palavras lindas que deixou no meu mundo.
Beijinhos com luz dos anjos
canduxa
Dulce
nos acasos da vida, com um verdadeiro amigo comum
nós
gostámos
de a conhecer!
No único e incomum tempo do Natal
um beijo
Manuela
Canduxa
as histórias são como as pessoas
gostam de ser reinventadas
um beijo
Manuela
Manuela,
Respondendo à sua pergunta, o mar ou melhor os mares em que me escondi moram aí para os seus lados, andei perdida durante estes dias por caminhos reais, que se cruzam com os da blogosfera. E como cheguei tarde e me perdi agora pela madrugada, volto amanhã.
Só vim deixar um beijinho e agradecer a preocupação que me sensibilizou.
Beijos
Ó Branca
bem podia ter subido a rua e batido à nossa porta!
beijinhos
Manuela
Querida Manuela,
Não sei onde é a sua porta, mas acredite que nem deu intervalo, dia 5 tive só um bocadinho para mim quando cheguei ao fim da tarde. Um casal que adivinhou não sei como, veio tomar café comigo à noite. Dia 6 almoço de um grande grupo na Parede onde apenas conhecia melhor duas pessoas, uma delas o André Moa que o Jaime sabe quem é, voltei à baixa à hora de jantar e no dia 7 tive um almoço inolvidável com alguém que conhece e nunca me desiludiu e que adivinhará quem é se passar pelo meu sítio, aí conheci também uma outra amiga. Depois foi só fazer as malas e passar para um jantar que estava marcado há muito e que foi óptimo, ali para os lados do Museu do Traje.No dia oito ainda almocei por aí com a pessoa que entretanto me levou a mim e à minha filha à estação. Já viu que programa preenchido? Cheguei à noite, por isso lhe vim trazer um beijinho de madrugada.
Logo volto para comentar os contos, acho que ainda me falta o penúltimo porque entretanto também tenho tido as noites mais ocupadas, mas não estou esquecida.
Há aqui muitas amigas a quem estou desejosa de visitar e o tempo não tem sobrado, mas lá irei.
Beijinhos para si e para o Jaime.
Até logo
Branca
Tenho andado por aí feita formiga...com muitas tarefas ás costas! Afinal, Natal é isto mesmo...partilhar. Embora o faça durante todo o ano, nesta época há um sabor mágico.
Cheguei há pouco a casa e agora vou tomar um chá perfumado de maçã( descobri há dias em casa de uma amiga e gostei.) Descansar um pouco que logo, as 21h tenho uma reunião.
Enquanto puder...e só Ele o sabe..
farei caminho para Belém,Nazaré e Jesuralém!!
Um beijo amigo
Graça
abraço meu, em palavras!
heduardo
. ... e levo a caixa de prata com um tesouro que me alvorece os dias .
. a sua escrita . manuela .
. e sou muito mais feliz . vezes sem conta .
. o Seu beijo total, de amizade .
. paulo .
Parabéns pela história... falta-mr tempo para me perder por aqui mas a julgar pelo intemporal é tb intemporal este espaço...
...
beijinho
A foto está muito bonita.
Saudações.
Manuela,
Volto para lhe dizer que apesar de pensar que não percebi a sua brincadeira, percebi muito bem, já me habituei há muito à sua ironia e ao coração que está por tràs dela, eu é que andei aturdida de trabalho todo o dia e respondi muito à letra em vez de continuar no seu tom.
Beijinhos de amizade.
Branca
Branca
Beijinhosssssss!
Manuela
Graça
peregrina
no tempo
repleto de gente
no templo
repleto que sente
um beijinho
Manuela
heduardo
em palavras e em actos
retribuo
o seu abraço
Manuela
Paulo
dei por isso
apenas hoje
faltam-me dez letras
e sete palavras.
Não faz mal
agora já sei que estão na caixa de prata!
um beijo
Manuela
Fá
consigo
partilho Tim Burton
e um gato ou dois
não mais
porque por aqui
já fui adoptada por uma vadia
que se instalou no nosso coração
obrigada pelas palavras
entre quando quizer
mesmo que permaneça calada
um beijo
Manuela
São
é bonita a foto e eu apaixonei-me por ela!
no entanto
tenho pena...
mas não é minha
(está identificada a autora no fim da página)
obrigada por ter passado por aqui
um abraço
Manuela
Um texto especial, um tesouro guardado nesse murmúrio de penas...
Um beijo e obrigado pela partilha
Chris
Manela
Por sua causa, aqui estou eu a pensar no Natal.
Lembro-me dos meus natais, de pequenina.
Uns passados na aldeia do meu avô materno, na Barreira, Meda. Havia frio, mesmo neve, uma casa grande, muitos quartos, muitos corredores, um sítio onde as nozes e as amêndoas descansavam no chão, uvas pousadas em frisos salientes ao longo das paredes.
Cheirava bem.
Éramos muitos; várias mesas distribuídas por várias salas.
Os mais novos, num sítio; os mais velhos, noutro.
As tias, mãe, primas mais velhas ... à volta de panelas, numa cozinha grande (ou seria eu que era pequena?).
Cantava-se; o meu tio Antero ensinava a dançar; alguém tocava concertina.
Depois, iluminados pelas candeias, distribuíamo-nos pelas diversas casas da família.
Eu ficava na casa do avô.
Era lá que, no dia seguinte, de manhã, ia a correr procurar a prenda deixada pelo menino Jesus.
Outros natais eram passados na casa dos meus avós paternos, na Anadia.
E as recordações alteram-se. Aqui há electricidade pública; é quase cidade. A casa dos meus avós fica perto do centro.
Há um enorme relógio de cuco, no quarto onde dormimos - eu, a minha irmã, a minha prima Luísa.
Lembro-me do soalho corrido e brilhante.
É numas escadinhas que dão para esse quarto, junto do sapatinho, que o pai Natal deixa as prendas.
Aqui, cheira a canela, da aletria, do arroz doce e dos bilharacos de abóbora. A minha avó Júlia é boa cozinheira; vejo-a junto a um enorme forno (ou sou eu que sou pequena?).
É nesse forno que no dia de Natal, ela prepara a chanfana.
Agora, por um pouco, regressei a esses lugares, onde fui feliz.
Onde penso que fui feliz...
Seremos a mesma - essa e eu?
Obrigada, Manuela
ISABEL VENÂNCIO
Querida Amiga,
É, é a mesma e não enjeite nem se envergonhe de sentir-se tomada por esses momentos de felicidade porque sem eles e ainda que habitualmente enturpecidos por tudo o que sabemos, são eles, esses e outros, escrevia, que Lhe têm dado toda a força que inclusivé Lhe permite e para felicidade geral, voltar a senti-los.
É, é a mesma e desculpe meter-me no meio de uma pergunta que dirige à Manela.
Ela já se foi deitar e eu vou já a seguir!
Boa noite e um beijinho grande
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Dezembro de 2009
Que bom Manuela entrar aqui para finalmente ler as suas histórias que antecedem a neve e encontrar o mar e os cavalos, dois tesouros que guardo na minha caixa de prata, também guardaria um livro e os amigos. No fundo temos todos um pouco deste menino, todos guardamos tesouros.
Pressinto que para além da pergunta vamos juntos percorrer um caminho...para quebrar a solidão.
"Mãe? É Natal?
- É!
- Então porque é que estamos sozinhos?
- Porque é o primeiro."
E não serão os últimos também sózinhos?
Tradicionalmente não eram, mas começam a sê-lo cada vez mais.
Beijinhos Manuela
Branca
Profeta
eu já ando por aí a voar
até ouvi o grito
do milhafre
e a brisa que sopra nas cumeeiras...
um abraço
Manuela Baptista
Para a Chris
com quem também partilho poesias especiais
um beijo
Manuela Baptista
Isabel Venâncio
minha querida
depois de eu ter deixado o menino e a sua mãe sozinhos em busca e um ar mais limpo
dou aqui de caras com o seu menino Jesus
aquele
que durante a noite
na casa do seu avô
lhe deixava um presente!
Pode crer
que as lembranças
do seu Natal me aqueceram também
até me cresceu água na boca!
Agora
"Seremos a mesma essa e eu?"
o Jaime diz que sim
eu digo que não
"Esta é a página sem número em que nos perguntamos, quantos de nós somos apenas UM?"
(em "Rodando" 17 de Agosto 2009 - se tiver a paciência para ler...
Obrigada EU!
Um beijo
Manuela
"Rodando" cheguei à Joana Judite Julieta,
e elejo o azul e o branco
e alegria sinto ao pensar na Julieta
E Manuela, que história deslumbrante..., e eu vou ter de marear de novo, até ao início destes seus contos...
sempre tão perto de nós, do que fomos e somos e que quantas vezes nos demandam...
E continuo a pensar que não sei qual predomina inteiramente em mim, se o azul se o branco,
porque gostar gosto radicalmente mesmo muito das duas ...
E obrigado por nos ter lembrado de que "histórias com mar ao fundo" já o eram muito antes de alguns de nós aqui termos chegado.
E bem, chegada eu aqui, não há retorno
que me vou...
vou(!) a outros encantamentos.
E será que vai nevar (ainda) neste Natal...?
E um abraçinho
azul e branco.
Dulce
Jaime
no fundo
no fundo
estamos de acordo!
Somos os mesmos, não somos
é apenas um.
Manuela
Branca
é!
Muitas vezes os primeiros,os últimos
e aqueles que encontramos pelo meio...
Logo se verá...
obrigada pelo seu entusiasmo!
Um beijo
Manuela Baptista
Dulce
este rodando
ainda roda tantas vezes na minha cabeça!
Mas gosto muito das três, até da que parece mázinha...
quanto às perguntas
respondo como o fiz com a Branca
logo se verá!
beijinhos
Manuela
beijinhos
E ainda aqui só para lhe dizer que gostei muito do Seu escrever
"Mas gosto muito das três, até da que parece mázinha..."
Também eu Manuela,
também eu gosto...!
Só não gosto muito do vermelho,
embora goste muito de alguns benfiquistas!!
Muitos Beijinhos!
Que me vou para casa que já é tempo!
Dulce
.
. até mais acima . aos pássaros e acima dos pássaros .
. porque cada conto que aqui conto somo um ponto . ao encontro .
. de uma amizade ampla e franca .
. daquelas tão verdadeiras que até me parecem verdadeiras .
. como as meninas das fotos antigas que até me pareciam as meninas! .
. :) .
. porque em cada conto seu, acrescento um dia meu .
. e e.ternizo.me . na mais revigorante terapia da qual preciso, como de pão para a boca .
. um beijo total .
. paulo .
. [.é uma honra para mim a sua presença no intemporal. se me permite, esta é a primeira de futuras iniciativas, que mais não fazem, do que a sua obrigação.] .
. e saio . de pé de cabra em punho .
. ///
Olá amiga...não me digas que estás cá na ilha...
Doce beijo
MANUELA BAPTISTA
Ahhh!
Bem me queria parecer ...
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Dezembro de 2009
Dulce
eu cá sou do Sporting!
beijinhos
Manuela
Paulo
agora já sei!
hoje encontrei por aqui uns parafusos e umas porcas soltas
mas deve ter sido o pé de cabra...
Na verdade eu adoro pés de cabra, e a lenda da Dama Pé de Cabra que me aterrorizou a infância, num sentimento misturado de curiosidade e medo.
E se os contos mesmos falsos são apenas verdadeiros, vamos somá-los e multiplicá-los, se disso me sentir capaz
na dádiva de muitos dias.
um beijo
Manuela
Profeta
na Ilha?
Talvez, diga-me lá as coordenadas!
um abraço
Manuela
Ó Jaime
aqui chegada eu já nem sei de que é que estamos a falar...
Ah!! da Joana Judite Julieta
ou da Isabel??
Manuela
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