Imaginava-o apenas na cabeça do escritor ou no seu coração, invenção máxima de um romance escrito, palavras amadas reinventadas que nos marcam, que passamos a considerar nossas que são nossas na limpidez deserta de um tempo de Verão, que as pessoas teimam em fazê-lo breve, em julgá-lo breve, em desejá-lo breve.
Porque é que compramos cadernos e canetas quando o sol é quente, livros de exercícios para corrermos à volta da mesa, à roda do charco, em cima de um barco?
Inventamos prisões para lançar amarras, prender borboletas ou soltar o vento?
Onde estão as crianças que cantam, que mexem na terra lambuzadas de doces pêssegos, de gelado de chocolate, encharcadas de riso?
Onde está o tempo das histórias da noite, enrolados em mantas na relva molhada, partilhando segredos com os pés a crescer em sandálias de couro?
O pássaro de corda existe lá fora no meu quintal, que não é um quintal é um jardim e lança no ar um grito de corda e não se deixa ver, mas está lá, oiço-o todos os dias às cinco da tarde.
Às cinco da tarde mataram o poeta, mas o pássaro tomou o seu lugar.
Está lá fora no meu quintal, que não é um quintal e eu imaginava-o apenas na cabeça do escritor ou no seu coração.
Porque é que compramos cadernos e canetas quando o sol é quente, livros de exercícios para corrermos à volta da mesa, à roda do charco, em cima de um barco?
Inventamos prisões para lançar amarras, prender borboletas ou soltar o vento?
Onde estão as crianças que cantam, que mexem na terra lambuzadas de doces pêssegos, de gelado de chocolate, encharcadas de riso?
Onde está o tempo das histórias da noite, enrolados em mantas na relva molhada, partilhando segredos com os pés a crescer em sandálias de couro?
O pássaro de corda existe lá fora no meu quintal, que não é um quintal é um jardim e lança no ar um grito de corda e não se deixa ver, mas está lá, oiço-o todos os dias às cinco da tarde.
Às cinco da tarde mataram o poeta, mas o pássaro tomou o seu lugar.
Está lá fora no meu quintal, que não é um quintal e eu imaginava-o apenas na cabeça do escritor ou no seu coração.
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Esta é uma página aprisionada nas asas de uma borboleta.
Manuela Baptista
Estoril, 1 de Setembro 2009
11 comentários:
TEMPO DE VERÃO
Tempo de Verão
pássaro de corda
poeta na mão
à minha borda
Tempo sem ter
por obrigação
senão o cantar
que canta sem não
vontade maior
sem a comichão
da correria
por obrigação
Tempo de Verão
esticado no tempo
e dar-te a mão
e a todo o invento
Ide embora
horrores que não tento
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Setembro de 2009
E o Verão é tão breve.
Beijo
Filomena
...e beijinhos para a Filomena outra vez!
Manuela Baptista
Passei para te deixar um OI, e me encantar com sua escrita.
Beijos.
Renata Vasconcellos.
Abri as mãos e apanhei um OI que não sabia onde poisar.
Agora tenho-o aqui guardado na caixa dos tesouros voadores, juntamente com uma pétala de rosa, um lápis de cor e um soldadinho de chumbo. Só espero que se sinta bem.
Um beijinho para a Renata
Manuela Baptista
Passei novamente para hoje te desejar um ótimo fim de semana, cercada de muita inspiração para que possamos também nos alegrar.
Beijo
Renata Vasconcellos
Obrigada Renata!
Bom fim de semana para si também!
Beijinhos
Manuela Baptista
Renee Fleming é apenas a forma que liberta esses maravilhosos acordes do Ser que ela é. Momento maravilhoso escutá-la.
Ler esta página nas asas da borboleta foi outro momento inesquecível. A página só está aprisionada para quem não souber ler para além dela.
Um grande beijinho,
Maria Emília
Maria Emília
Vamos lá colocar as nossas asas e voar bem alto nesta noite de lua cheia!
Ainda bem que passou por aqui.
Um beijinho
Manuela Baptista
Eu procuro um pássaro,num quintal que não tenho,também...
Acabo encontrando-o sempre em frente ao mar...
E esqueço tempo,obrigações,situações,vontades.
...E eu sou verão fitando o mar...
Beijinhos
Que bonito Linda!
Não estava à espera da sua presença aqui!
Um beijo
Manuela Baptista
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