Era uma vez um homem que possuía uma casa, um campo, uma
horta, duas galinhas e um cão. O homem cavava, semeava, plantava, às vezes
colhia, outras não. O homem e o cão eram inseparáveis, os passos de um seguiam
as pegadas do outro e o cão ladrava e o homem cantava e assim o tempo corria
como a água dos rios da nascente até à foz.
Um dia de manhã apareceu o pássaro. Pela cor dir-se-ia um
verdilhão, não fora tão grande. Pelo canto, um pássaro raro e preso nas unhas, um
fruto qualquer. O homem silenciou o cão e ficou parado a observar a ave, até
que esta largou o fruto no chão. Era amarelo limão. E todas as manhãs o pássaro
regressava e oferecia ao homem um fruto diferente na cor e semelhante na forma.
O segundo fruto, verde-maio. O terceiro, verde-musgo. O quarto, verde-escuro, O quinto, verde-azeitona e o sexto, verde-esmeralda e foi aí que parou. Das
sementes dos frutos o homem plantou uma árvore e ela foi espigando e o homem e
o cão sentiam saudades do pássaro raro e ansiavam pelo seu regresso.
Depois do outono, o inverno e as romãs maduras e as amêndoas
doces. As frésias e os morangos, o calor e o frio das estações e o homem e o cão
envelheciam porque o tempo corria como a água dos rios da nascente à foz.
Já a árvore era alta e os frutos sextos a despontar,
cantou o pássaro verde e raro, soltando na mão do homem assombrado, um sétimo
fruto, amarelo dourado como o sol do verão.
6 comentários:
MANUELA BAPTISTA
... e o fruto sétimo cantou então:
Ai não é em vão
que o teu cão
ladra e que tu me dás a mão
Lindo o conto que é teu dourado fruto!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Novembro de 2018
Convence o homem
e o cão
e o pássaro
a comaparecerem na feira da aldeia
onde não faltam compradores de sementes
eu irei lá à venda
e plantarei uma árvore de frutos sextos
no terreno fértil da minha imaginação
Mais uma história maravilhosa, mas com um final onde se pode intuir tudo o que quisermos, mesmo a morte…
Uma boa semana, minha Amiga Manuela.
Um beijo,
Que lindo Manuela!
Eu estava na esperança do fruto ter a cor - verde esperança,
contudo, o dourado, no fim da vida,
como um Sol
que nos envolve,
será tudo o que queremos.
Nem me atrevo a entrar
a dois pés. Tenho medo
que se levante poeira do chão
neste verdilhão.
Maravilhosão!
Bj., Manuela.
perto dos frutos sextos impera agora o picapau malhado. esquivo, visita todas as árvores em redor. é quase invisível, saltita diante do palácio de belém, e vejo-o agora em toda a parte,
brevemente será um picapau com mar ao fundo :-)
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