estaca, rebento, botão de vento





Encontrei-o na rua, um galho arrancado como outro qualquer, objeto de brincadeira entre um dono e o seu cão, pau de virar tripas, varinha mágica de uma fada nem boa nem má. Leva-me, pediu ele e eu não o ouvi. Num impulso peguei-lhe e a luz iluminou-o, castanho-escuro, verde, avermelhado, estaca de segurar pés de rosa-chá.




Sobre a mesa, a gata aninha-se numa folha de papel a cativar os últimos raios de sol e o galho a fazer-lhe companhia num solitário de vidro transparente. Ela entende-lhe as histórias passadas, sabe o seu nome de família e ronrona-lhe quietude e silêncio. Um fio de pó faz o seu caminho entre a janela e o chão e lá fora as aves ainda cantam.
Depois veio o frio e os dias a crescer, em breve as frésias pela relva, e a estaca, um rebento e tantos botões de vento.











10 comentários:

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


... e tanto mais belos teus contos ...!

Teus contos e teus desenhos seus pespontos.


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Fevereiro de 2018

Rogério G.V. Pereira disse...

Confesso que tenho um desconforto quando te leio
pois teu belo
retira-me do sério

sem que isso
implique soltar uma gargalhada
ou sequer esboçar um sorriso

É como fumar um charro?
(nunca o fiz, por acaso)

Guiomar Lobo disse...

simplesmente belo.

mz disse...

E depois as flores e os frutos e novos contos que nos encantam tanto,Manuela.

Um abraço.

Mar Arável disse...

Ainda bem que o belo pega de estaca

Bj

Beatriz disse...

Uma varinha mágica, certamente...
A embalar os sonhos de Manuela :)

Beijinhos Manu!
Bia <º(((<

Graça Pires disse...

Um galho. Um gato que lhe entende as histórias passadas. A magia das palavras que usas para dar vida àquilo que desenhas...
Tudo tão belo!
Uma boa semana, Manuela.
Um beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um texto singelo e rico.
Um gato e seus pensamentos descritos de maneira tão suave.
Ilustração irrepreensível
gostei muito
:)

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA



ESTACA, UM SOL A PÔR-SE E O MAIS QUE INVENTO



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Fevereiro de 2018

Luis Alves da Costa disse...

A estaca da gravílea robusta, um dia achei que ela já era autónoma, e arranquei-a da terra, para que o tronco crescesse. Longos foram os dias em que oscilou ao vento, mas passado o tempo, toda a sua espessura tem agora a estabilidade da árvore