Apanhou bagas vermelhas, outras de zimbro, sementes de
girassol, algumas avelãs. Ao longe a voz da mãe chamava e ela já não reconhecia
a mãe, a voz e a distância entre as três. Num canto escondido do jardim há
sempre um animal ferido à nossa espera.
E para espantar a tarde escura, fez um colar de bagas
venenosas presas num fio fino de tecer insónias e coseu-as, devagar, enquanto a
chuva acordava as rãs.
8 comentários:
MANUELA BAPTISTA
e o animal ferido estrebuchava
num sono fecundo de bagas
que às rãs as acordava
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Outubro de 2016
A noite por um fio. A chuva e as rãs deslizando em surdina até ao fundo do jardim. A mãe à espera de ter outra voz...
Muito belo o teu texto, Manuela.
Um beijo.
Imaginado com singular criatividade...
Beijinho, Manuela.
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Um dia ficam estas coisas escritas, oclusas, com a única chave da sua verdade nas pegadas do olhar. Nem todos os dias são faustos, e deve o espírito de amazona tender o arco e disparar cores de zimbro pelas flechas do ar.
Tudo é fauno
e cítara
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. belíssimo . e repleto de significado .
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. íssimo . de um "animal ferido" . :) .
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Foi fácil me transportar a este jardim, olhando os pequenos animais se escondendo da chuva... dias brandos assim - preciso deles!!!
Beijinhos Manuela
Bia <º(((<
Quando as circunstâncias se armam de arco e flecha há porventura uma personagem supranumeraria que vai se diluindo na memória. Por isso, para isso, os preparativos prévios da luta - para a sobrevivência e a morte. Depois, é uma questão se sorte.
Andei perdido no veneno das bagas mas puseram-me a mão no coração. E aqui estou quase em bom estado de conservação sustentado a zimbros e avelãs.
Bj, Manuela.
Seria um jardim encantado, não fossem as insónias :)
Bjs e bom fim de semana
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