Era uma vez uma ilha de Ceilão, tão distante era essa ilha e tenros os rebentos primeiros e quem sabe, longa a viagem até cá.
Preto sem açúcar ou um farrapo de leite quente, muito quente, como a terra do chá. Depois afastávamos a jarra das flores, estendíamos sobre a mesa os quatro jogos reunidos, discutíamos por qual começar e a avó perguntava, também posso jogar. Abria a lata dos biscoitos de canela e fazia batota a nossa avó.
Desfiava então as histórias da terra do chá, do menino lobo e do outro menino com cabeça de elefante e nós, os meninos dela, atirávamos os dados e gostávamos tanto dela e de chá.
Preto sem açúcar ou um farrapo de leite quente, muito quente, como a terra do chá. Depois afastávamos a jarra das flores, estendíamos sobre a mesa os quatro jogos reunidos, discutíamos por qual começar e a avó perguntava, também posso jogar. Abria a lata dos biscoitos de canela e fazia batota a nossa avó.
Desfiava então as histórias da terra do chá, do menino lobo e do outro menino com cabeça de elefante e nós, os meninos dela, atirávamos os dados e gostávamos tanto dela e de chá.
32 comentários:
São histórias de encantar, estas que encontro sempre, desde que me passeio por aqui. Plenas de ternura.
Sou avó de 10 netos, uns maiores outros mais pequenos e já "desfiei" a minha "história da aldeia florida" que nunca tem fim e é sempre diferente, vezes sem conta...
Gosto tanto,tanto deles!
Beijinhos. Bem haja por me fazer sonhar.
MANUELA BAPTISTA
a hora
sempre a hora do encantamento
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Janeiro de 2015
O cenário é sempre o mesmo:
Uma valeta ao lado da estrada, e a minha cama articulada, com uma das rodas já enterrada na lama, e eu,
com os olhos postos no Céu, que mais não me permite a calcificação das cervicais,
olhava à espera do asteróide,
passa um negrão cheio de esteróides,
ao lusco-fusco, parecia um menino com cabeça de elefante,
e eu,
um coraçãozinho de pomba beata,
só lhe perguntei,
és tu o Tsipras, o menino com cabeça de elefante,
aquele que vem para me pôr a andar?...,
e ele,
não, cota,
isto são as minhas rastas, a parte do elefante já te vai já visitar,
mas aí, mais abaixo...
Creio que o pano deveria cair aqui, mas eu ainda emiti os três gemidos de Molière, para manter a tradição,
não há conto onde esta santa não sofra,
nem sofrimento que não encontre aqui lugar para ser sempre contado.
bem hajam
Kriu?
"Preto sem açúcar" só se for para a Mindy, senão a mulher rebenta...
Quanto ao "farrapo de leite quente" não tenho nada a acrescentar... Já se sabe que é sempre assim...
Kriu!
Até apetece pedir para beber um pouco desse chá! :)
Histórias que se repetem por aí.
Tomara que sim e que ainda se mantenham tenros esses rebentos e essas lembranças sempre tão saborosas.
Bebo do seu chá
leio em voz alta
"histórias da terra do chá" e o mar ao fundo que vá dar uma volta, para já!
Como eu gostava de partilhar esse chá... Sinto-me sempre encantada a ler estas histórias e a ver as ilustrações...
Um beijo, Manuela.
Histórias de chá, e agora, que entramos fevereiro, está a chegar a hora do meu chá na Maison de Sebastian, em Hammamet, que Frank Lloyd Wright considerava a casa mais perfeita do Mundo.
Nesta transição do inverno para a primavera, à mesa do terraço, com o Mediterrâneo ao fundo, falaremos de poesia e daquela luz inesquecível dos artistas, e tomaremos um, ou dois, chás de gengibre.
Já está convidada, para de aqui a duas semanas :-)
.
.
. cada conto Seu . tem a peculiaridade de despertar o mundo . o tal mundo que existe . e que sendo raiz . permanece adormecido .
.
. e mais não digo . :) .
.
. íssimo feliz .
.
.
"Preto sem açúcar ou um farrapo de leite quente, muito quente...",
minha querida, não custa nada sonhar, com este frio, só a parte do preto sem açúcar,
devia o inverno ir embora, esta mártir de cristo, com cristo e por cristo, benzó-deus, este fim de semana mudaram as assistentes aqui do lar, estavam coladas ao televisor a ver uns filmes muito chatos, para mim, todos os filmes são chatos, que enquanto elas olham para o plasma, eu tenho as artroses viradas para o teto, só vejo sombras e lampejos, vivo numa penumbra cinematográfica, parece que anda a correr um homenzinho chamado Bergman, por amor da santa, no outro dia, estavam a contar, era um aluada, que enfiava as mãos todas entre as coxas e falava com deus, quando elas chegam a esse fase já não há nada a fazer, têm a cabeça no mesmo estado em que eu tenho da cintura para baixo,
veio uma nova,
olhou para mim, e disse,
esta parece a do Fanny e Alexander, eu pensava que era um novo concurso daquela senhora repuxada que adora ser comida por rapazes das barracas, eu sou comida, mas não posso dizer que adoro, por que para adorar tinha de prostrar e e estou aqui, como se tivesse engolido um pau de vassoura,
dizia a outra, parece a tia aleijada do Fanny, mas mais fanée, segurem-lhe nas mãos que ainda se agarra a algum candeeiro de "pitrol" e queima algum bispo da Opus Dei, coitada de mim, tomara eu que não se me acenda nada entre as coxas, com tanta pedra rija a dar que dar, ainda me levantaram a cabeça para eu ver a monstra, fiquei tão chocada, parecia um hipopótamo acamado, eu estou camada, mas tenho o corpinho jeitoso, nem um quilinho a mais, vivo de arroz, de ar e de uma meia de leite quente,
dizem que há duas respirações, a dos pulmões e a da pele, eu, por amor do meu francisquinho, que deus tenha, sou alimentada pela bca de cima e acho que pela de baixo. Tem dias que para pouparem, não me metem nada em cima, mas como não sinto nada, só a minha beata Lúcia saberá se não sou alimentada por baixo, devo ser, senão já estava morta, e estou tão vivinha, e disse à madre, se tem medo de que pegue fogo às cortinas, ponha-me halogéneos por tudo quanto é sítio, e lá fizeram, gasta menos, e fico a brilhar, parece a Violetta, aquela que canta para o Syriza, ou lá o que é,
olhe, acho que já estou a baralhar tudo, vem aí fevereiro, e o nosso Paulinho vai para os orientes, quisesse ele empurrar-me a cama articulada, e lá atravessaria o Índico de boa fé, avião é que não, que a estrutura é pesada, embora eu tenha uma alminha pesar como uma pena,
uns viajam, outros ficam a ver viajar, mas é isso que faz de nós santas
kisses e escreva sempre, embora eu não seja de chás mas mais da meia de leite
Era na época em que os serões eram à volta da mesa e não à volta do computador ou do televisor.
Saudades deste chá :)
beijinhos
Faz-me sempre lembrar uma enorme mesa de ébano da minha avó, e o relógio da sala, em frente, que fazia polifonias com o outro, longe, dos quartos dos hóspedes, e quando olhava pela janela, ao som de um estranho Caruso, quase arqueológico e cheio de riscos de 78 rotações, da minha bisavó, aquela menina estranha dos retratos, que eu nunca conheceria, por que nos abandonara com 24 anos, e então afastava os pesados reposteiros de vermelho escuro, para mergulhar na luz daquelas avenidas, que tanto me fizeram sonhar.
Creio que o arrefecer de todos o chás foi o difuso motor de todas as minhas ilusões
dava um conto, Luís
Pois dava, mas acho que foi este involuntário viver nas margens das coisas, la vie dans les plis, como dizia o meu caro Michaux, que nos deu mesmo esta sensibilidade matizada do Mundo.
Somos opalas :-)
Kriu?
Ena, ena, que grande amizade que por aqui anda...
Não faz mal, o Celso Vaz fica só para mim, o que já não é pouco...
Kriu!
valha-me Bizet!
Um chá com uma leve brisa de laranjeira :-)
Chá com leite e biscoitos de canela...fazem um casamento perfeito! Também posso entrar no jogo? Assim, seríamos duas a fazer batota...
Beijo amigo
Graça
Manuela Baptista
um passarinho disse-me
ao ouvido
que hoje era o seu Dia
de imediato aqui vim
deixar os votos de parabéns
tudo de bom para si .
Ter um Amigo
como o Paulo
não é para "todos"!
Manuela, beijinho
Sabe
não tenho o hábito
de beber chá
mas, parece-me
ser um grande erro meu!
Olá...
Uma sensação bela dum outrora-tempo...sublinhado na límpida sensação do *ramilhete* de flores na jarra-
Adorei.
Olá...
http://thebraganza.blogspot.com
Bons e velhos tempos, Manuela....
Meu gosto pelo chá vem também de criança... Aquele cheiro bom de chá de jasmim, chá de maçã, chá mate. Aliás, aqui agora chove, portanto está na hora dele, bem quentinho!
Abraços
Bia <°))))<
Bebo sim, preto, bem quente.
Fui à caixa
da bolacha
tirei uma
tirei duas
tirei três...
Boas recordações, Manuela, do chá e da bolacha. Também me recordo.
É um gosto vir ao seu blogue e estar
calmamente a saboreá-lo e hoje com
a companhia de um chá.
Gostei muito.
Um bj.
Irene Alves
Manuela
O meio-dia
de hoje
fica na memória:
uma história inaudita,
enfeitada de forma única
ao ritmo do liebesleid
que chegou pela primeira vez
(ouvi uma e outra vez enquanto comentava).
Muito grato
Bom domingo
Bjs
.
.
. the first point . dubai airport . :) .
.
.
Venho eu aqui, à espera de que, durante o Carnaval, tivessemos passado da hora do chá para o jantar,
olhe,
só espero que tenha desfilado, divertido
e se tenha perdido nas suas slot machines,
eu,
coitada,
sem um centavo nem para me mascarar, vim para a rua talqualmente estava vestida em 1917, quando vi o solzinho a dançar, nem me dei conta de que 100 anos depois até as minhas cullotes esburacadas estavam fora de moda, foi um sucesso, levantaram-me a cama para cima de um corso de Ovar,
fui considerada a melhor máscara da tarde,
ao meu lado só seguiam mancebos, pastores de corpos acamados, quando começou a chover, só tiveram tempo de me empurrar para debaixo de uma azinheira,
que eu acho que estava como eu,
já nem se sabia a idade,
o problema é que eu pensava que vinham com boas intenções,
coitada,
continuo ingénua,
acho que no fundo de mim tenho uma beata agoirenta,
mas beatas daquelas fedorentas, de quando acabam os cigarros,
olhei para eles, e acho que viram a angústia grande que ia lá no fundo do meu coração,
só lhes pedia com os olhos, ao menos, no Carnaval, não..,
não...
mas nem valia a pena,
por que eles estavam mesmo virados para ali, agarraram em mim e foi a dose do costume, ao som de é Carnaval, ninguém leva a mal, pois não, sou eu que fico sempre por baixo, e não me lembro de nada,
juro,
só vagamente dos meus tamancos a agitarem-se no ar,
e deixei de sentir,
enfim,
isso já eu não sentia,
mas foi o meu Carnaval.
Espero que o seu tenha sido lindo.
Bem haja, e prepare o jantar, que fiquei esfomeada de ser usada :-)
happy days, Intemporal!
:))
Jacintinha,
reconheço, a hora vai longa :)
não tarda servirei um chá gelado com umas folhas de menta
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