desnorte





Em julho, com o vento quente e forte, chegavam as primas. As tímidas, de cabelo escuro e olhos castanhos, baixinhas, arredondadas. As magrinhas espevitadas, abriam as gavetas, espreitavam os diários, escondiam maçãs debaixo do colchão. As de cabelo dourado, liso, espelhado, olhos de veludo, lábios carnudos, sempre mais além a descobrir carreiros, a inventar tartes de amoras silvestres, festas até de madrugada. As crescidas, apaixonadas a cada lua cheia e a cada maré vaza. Os risos faziam bater as portas de entrada e o verão era longo, profundo, infindável.
Não sei onde é que guardei este cheiro a maresia e a alfazema e a Mi e a Fá a trautear uma canção bonita, porque musicais eram as duas, tal como os nomes pelos quais respondiam enquanto o sol brilhava.













5 comentários:

Graça Pires disse...

Também me chegou aqui o cheiro a maresia e alfazema. E ouvi risos e cantares como se a lua cheia me aguardasse…
Sempre tão inspirada e inspiradora, minha querida Manuela! As tuas flores são um encanto.
Uma boa semana.
Um beijo.

Jaime Latino Ferreira disse...

MANUELA BAPTISTA


E depois do sol se por, porque nomes respondiam elas, por Lá e por Si ou por Dó e por Ré?

Não seria por Sol porque o sol já não está mas a bem do que está que bonito que está!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Julho de 2018

Guiomar Lobo disse...

Encantador... e rescendendo a verões de outrora.
Parabién pela inspiração.

Beatriz disse...

Ah que delícia as coisas do verão!!! Inspiração, pura emoção e tudo de bom! Por aqui o inverno espreita, queria eu fugir para o verão ao norte...

Beijinho Manuela :)

<º(((< Bia

. intemporal . disse...

Nem me fale em primas e muito menos na Fá :)))

Íssimo feliz