Os solos ácidos produzem flores azuis, os solos alcalinos
fazem-nas rosa. Os estéreis matam-nas.
Arredondam-se, enormes, invasoras,
belas. É agora o tempo da seca, da estiagem e do desencanto que é a ausência de
encanto ou a presença do que não esperávamos encontrar.
Gastámos a falácia da aceitação e da conformação e
desejaríamos apenas ser fúteis, insignificantes, discutirmos inutilidades como a unha que
se partiu e o verniz é rasca e o cabelo espigou com o sol e o sal.
Ao anoitecer a garrafa esverdeia sombras e as folhas
apequenam-se, frisam-se em pergaminho antigo. Gostam das cordas dos violoncelos
e de um ligeiro cheiro ácido a limão. A erva-príncipe cresce nos locais frios
quem sabe o alecrim do norte, tão a norte que a gente se perca e o calor
esmoreça adormeça.
As terras estéreis matam-nos. Por isso guardamos a memória
dos ventos alísios e acentuamos a presença da noite azul escura das
hortências.
hydrangea óleo de mb
13 comentários:
Querida amiga
Peço desculpas pela demora, mas ainda estou curtindo as férias, na minha memória escrevo sem pressa todos os dias maravilhosos que passei, com minha família no nosso Portugal.
Amo hortências.
Com muito carinho e já saudades me espreitam.
Um grande beijo de agradecimento.
MANUELA BAPTISTA
Hm ...
Saboreio mesmo a tua escrita e a memória desanuvia-se numa hortência!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Setembro de 2012
Na Primavera, quase todas as flores, são garridas e belas...
Chega este tempo... «em que já não se liga à falácia de uma unha partida» e o vento; traz-nos a magia e o encanto - das belas histórias da Manuela :)
Lindo o azul e o verde!
Beijinho e boa noite!
Numa prosa imersa em sensível e bela poesia, sinto " a noite azul escura das hortências" a me cobrirem com o seu manto...
Beijinhos,
da Lúcia
Insignificante é a palavra dita em vão, que visa combater a solidão de uma vida que falhou em tudo...
Conheço "vidas" assim!
.
.
. estéreis são as terras às quais foram dadas o epíteto de mar .
.
. paludosas . alagadiças .
.
. nas quais as massas líquidas . que ora se elevam e ora se cavam na superfície das palavras de mal dizer . agitadas pela frustração que lhes dão corpo . e morte . em tempo de sobrevida .
.
.
. íssimo .
.
.
Azuis como as hortências.....aqui no Brasil elas nascem nos solos ácidos do sul do país, sempre encantadoras e dignas de um poema....
Um beijo Manuela!!!
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
Manuela,
bons Passos os seus, muito bem direccionados, tão leves e subtis, audíveis apenas para quem bons ouvidos tiver e os souber entender...:)
mas há Passos ruins, pesados, ruídosos, enganadores, que de tão mal dados, tudo devastam, tudo secam em seu redor...
esses, não os queremos a pisarem-nos o jardim :)
e agora, topa uma conversa fútil e banal?:)
beijinho
Nandinho
As hortênsias , ou hidrângeas são umas das minha flores preferidas. Na praia há sempre uma jarra.
Gostei
Beijinho de setembro
Filomena
Minha querida
Como sempre é um voo pelas palavras que tão bem colocas no tempo certo e na estação condizente.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Então sejamos alcaninos e um pouco ácidos também. Estéreis é que não!
Adoro hortências.
Abraço
Você me fez lembrar dos meus dias de menina. Em casa havia sempre uma canteiro de hortencias a colorir o caminho. Me bateu uma saudade agora daquele corredor que me levava as ruas. Engraçado é que nos meus dias de menina, incomodava-se um pouco aquelas cores. rs Vai entender...
bacio
e o teu texto tem a cor das hortênsias
beij
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