Sabe quantas são, as estrelas de Novembro.
Num movimento rápido agita as barbatanas dorsais, sobe à tona de água e fica ali a contemplá-las na noite fria.
Os outros peixes dizem “não sabes o que fazes…respiramos o oxigénio da água, não o do ar, não te atrevas a alterar o curso de um rio, porque ele vira-se contra ti…”
Não quer saber de rios, nem de cursos, vira-lhes as suas costas de peixe, suspira, solta uma bolha de ar apaixonado pelas estrelas e pensa: “se eu fosse rei seria belo, mas não sou…”
Sonha construir um barco de paus e folhas, fazer o ninho no ramo mais alto da árvore-medusa, aquela que o vento despenteia porque sopra forte, ela geme assustadora, ingénua e dócil, se possível for tamanha contradição.
Os ramos gelados dançam entrelaçando-se, armadilha e presa, cativa e cativador, mas às vezes fraquejam na fragilidade de um veio tenro, quebram-se num correr manso de lareira crepitante. “Se a olho, viro pedra e já não voo” murmura o peixe.
Entre o lodo as algas desenham rendilhados falsos, armadilhas de rãs, de sapos espantados em papel frisado, é quase advento, mas neste lago apenas o peixe-triste estremece e agitam-se as casas enfileiradas à espera de uma canção de inverno, terno é o azul desmesurado no infinito celeste.
“Quem está à janela?” pergunta o peixe, “uma menina de pó de arroz doce de leite e canela”, responde o eco aguado no reflexo de uma luz amarela.
E se no princípio o universo é água, que farei quando voar?
Num movimento rápido agita as barbatanas dorsais, sobe à tona de água e fica ali a contemplá-las na noite fria.
Os outros peixes dizem “não sabes o que fazes…respiramos o oxigénio da água, não o do ar, não te atrevas a alterar o curso de um rio, porque ele vira-se contra ti…”
Não quer saber de rios, nem de cursos, vira-lhes as suas costas de peixe, suspira, solta uma bolha de ar apaixonado pelas estrelas e pensa: “se eu fosse rei seria belo, mas não sou…”
Sonha construir um barco de paus e folhas, fazer o ninho no ramo mais alto da árvore-medusa, aquela que o vento despenteia porque sopra forte, ela geme assustadora, ingénua e dócil, se possível for tamanha contradição.
Os ramos gelados dançam entrelaçando-se, armadilha e presa, cativa e cativador, mas às vezes fraquejam na fragilidade de um veio tenro, quebram-se num correr manso de lareira crepitante. “Se a olho, viro pedra e já não voo” murmura o peixe.
Entre o lodo as algas desenham rendilhados falsos, armadilhas de rãs, de sapos espantados em papel frisado, é quase advento, mas neste lago apenas o peixe-triste estremece e agitam-se as casas enfileiradas à espera de uma canção de inverno, terno é o azul desmesurado no infinito celeste.
“Quem está à janela?” pergunta o peixe, “uma menina de pó de arroz doce de leite e canela”, responde o eco aguado no reflexo de uma luz amarela.
E se no princípio o universo é água, que farei quando voar?
"o peixe-triste e a árvore-medusa" óleos de mb
36 comentários:
Será o real (ir)real?
O universo, tal como o (des)conhecemos, é único ou apenas um entre tantos?
Haverá realidades paralelas?
Para os peixes-tristes não há singularidades, mas imensos plurais à espera de serem descobertos. Nas estrelas ou, quem sabe?, aqui mesmo ao lado, com o epicentro dentro de cada um...
Manuela, que dizer mais? Apenas que sou fã incondicional
Beijo :)
até onde a imaginação nos levar...
seremos tanto de tanto ainda por descobrir e ser...
hoje sou uma gota de água salgada a crescer no mar da sua fantasia...
liquefeito pela beleza do texto e das telas... estas, as mais belas que apreciei de si, queridíssima amiga
um beijo
walter
Olá,
tenho os pompons arrepiados com tal beleza….
No voo do peixe adormecem as folhas embaladas pelas estrelas envoltas em escamas brilhantes…
A p e n a s o ninho em forma de barco deixa o peixinho ser gaivota…
…
A pimpi conta as estrelas e pede um desejo
Beijinhosssssssssssssssssssss
pimpi
São tão bonitas as estrelas dos últimos dias de Novembro... não me admira nada que o peixe se tenha tornado um sonhador e queira pendurar-se na árvore-medusa para ficar mais perto do céu...É um tempo pleno onde tudo acontece...O Advento faz uma coroa não com velas mas, com o peixe-triste, as casas enfileiradas e o infinito celeste...Será uma estranha coincidência ou um misterioso jogo de sinais? Com pózinhos de canela sobre o arroz doce, escrevo: neste mar que pintaste tão lindo onde há uma leveza de quente-frio, encontraste o motivo de tantos partirem em busca de razões sólidas, capazes de dar uma volta completa à nossa vida.
Bem-hajas por nos fazeres sonhar...
Beijo, Manela!
Graça
… tudo é água… o desejo é líquido…
Escorre das estrelas uma lágrima que se transforma em pérola e enfeita a árvore-medusa e uma outra maior que faz um lago com repuxo em torno dela…
Lá o peixinho vermelho mergulha no reflexo das estrelas e refresca as guelras da saudade…
Salpica-se todo
Saltita de galho em galho
Voa entre estrelas até que aprende a brilhar…
Tela mto bonita…. Notável imaginação e talento…
Sempre o belo...
...
B
e
i
j
i
n
h
o
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MANUELA BAPTISTA
Quando voares
como as telas darás ares
de à tua beleza igualares
no que a escrever tu pintares
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Novembro de 2010
pinturas e texto lindíssimos!
Identifiquei-me com o peixe! Tal como ele tenho a cabeça nas estrelas;o)
Obrigada por tão bela partilha;o)
***
Feliz domingo****
.
. é quase advento na exaltação do momento . aqui período in.finito na finitude de um tempo por ora .
.
. se eu fosse peixe seria rei, porque belo já sou .
.
. medusa é a força in.corpórea do vento, assim como a árvore que nos veda o olhar, para um outro lugar que não seja este, onde estou, porque sou e porque quero estar .
.
.
.
.
. o óleo é de uma beleza estridente e as cores são as roupas com que dispo o meu coração .
.
. e o deposito na Sua mão .
.
. de obreira.mayor .
.
.
. um .
.
. dois .
.
. três .
.
. íssimos felizes e um xi.apertado de muitos parabéns .
.
…
ENTRE O LODO E AS ALGAS UM BAILADO DE ®AMOS…
...hinos e cânticos da vegetação das margens
- é o coaxar das rãs…
os pássaros chilreiam e a menina mistura o pó de canela com o pó de arroz e polvilha estrelas na árvore-medusa…
...
agora uma curiosidade ou então eu sonhei… creio que há certos peixes que fazem ninhos na água… não é nada mal pensado alegrar o peixinho e deixa-lo voar…
…
Beijinhos
..os peixes têm ninhos aquosos, mesmo...
obrigada Alis!
manuela
._________querida Manuela
.entre.as belas telas
e
as algas.dançantes______uma.gota d´água brilhava
_______pois em tão belo.espelho
se mirava a divindade marinha
.num desejo profundo de voar...
nas bolhas de ar dum peixe apaixonado___________...
Manuela:)que viagem maravilhosa [fiz] seguindo as suas palavras.qual.curso.de.rio
levando-me num sonho.de.barco
______________até à "árvore.medusa"
.
belíssimo
___________///
beijO_______ternO
bfs
Olá Manuela,
Além da poesia, a arte em telas e cores fantásticas!!!
Sempre surpreendendo Manuela!
Bjs
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
manuela,
a vida salta dessas pinturas e enche-nos a alma de sentimentos tão bem pincelados e coloridos...
"...não te atrevas a alterar o curso de um rio, porque ele vira-se contra ti…”"... em qualquer universo esta é uma verdade absoluta, sempre tentadora de quem procura, com convicção, concretizar sonhos ou simplesmente contemplar o que de mais belo queremos apreciar... "SES" existirão sempre!
Gosto imenso das pérolas que vou encontrando nestes mundos de personagens tão... reais...
Beijinhos
...
passagem secreta para a ilha dos amores ou um refúgio de férias?
… entre o céu e o mar…
Manela, reservas-me uma cabana coberta de musgos e colmo? de preferência onde um ramo da árvore-medusa pouse a reflectir nos amores do peixinho encantado…
…
…
eu descalço-me e sondo a água…
depois com os pés na terra e a cabeça no ar dou a volta à ilha enquanto pressinto o anoitecer…
a minha casinha é a última e a primeira do canto superior direito, sabes logo pelo cheiro da tinta…
tem uma escada de corda para a água e com acesso à terra do céu…
mas eu prefiro mergulhar ou voar…
…
… obrigada pela hospitalidade,….
um dia destes semeio-te uma flor amarela perto da árvore-medusa…
beijinhosssssssssssssss
quando voar, será apena sum peixe que foi além dos outros peixes...
sempre a admirar a sua escrita.
as telas sºao belissimas.
obrigada!
um beij
Um sonho quase realidade lindamente contado.
A arte das palavras que nos prendem a um peixinho que sonha com as estrelas.
Olá querida amiga
Estou encantada com as telas, mais uma vez me deixa emocionada.
Cada vez que leio seus contos percebo quanto talento existe, seu coração é de arte.
Obrigada por dividir seu talento.
Estava precisando ler esta beleza, depois de tanta guerra por aqui.
DEUS abençõe o RIO DE JANEIRO.
Com muito carinho BJS.
Um peixe que está à frente do seu tempo, que arrisca e quer voar, qual Fernão Capelo Gaivota!
Lindo, de encantar!
Que faremos todos quando voarmos?
E também é bom mergulhar, nas águas límpidas de alguns mares...
Beijinhos
Branca
Olá Manuela,
Mas tu vives neste mundo? Leio e parece que tu és de outro mundo e vês as coisas como eu gostava de ver!...
Admiro a tua imaginação, que vai das palavras para as pinturas!
Beijinhos,
Manuela
Bela postagem. parabens
bjs
Insana
Eita!
É tão bom ter amigos assim, que falam com realeza !
Uma bela postagem,como sempre.
...
Um abraço apertado
Linda Simões
Manuela
Apetece virar o mundo ao contrário e pôr as aves dentro do mar pousados na árvore medusa a cuidar dos passarinhos nos ninhos, e os peixes a voar ao encontro das estrelas que esperam por eles, também a suspirar.
Apetece ser rei, lindo ou feio...
Apetece ficar.. neste mundo ao contrário onde é tão bom sonhar.
Um beijinho
É linda a tua história e lindos os óleos! Adorei, Manuela.
Muitos beijos.
Manu.
Lindas são as cores do outono, a menina na janela e o cheiro de canela, não estou vivendo teu outono que logo será inverno, contudo vivo neste momento a chegada de mais um final de ano, quente, que me faz sonolenta, cada dia que se passou durante este ano e que desenhaste vi um crescimento, pintar e buscar no fundo da alma as cores que ela enxerga através dos olhos do artista.
muito obrigada pelas sempre carinhosas palavras, pelas borboletas e pela paciência na espera da luz de meu farol.
beijo Manu.
.
. vinte cinco .
.
. vim.te ver . na anuência ascética dos cinco sentidos .
.
.
São lindíssimas as ilustrações e encantador, o texto.
Estimada Manuela,
Cada conto aqui, uma delícia que, na simplicidade de uma linguagem de questionamentos, nos interroga sobre o desejo e sobre o que faríamos se, por uma acaso do destino, o tal desejo se consubstanciasse...
"E se no princípio o universo é água, que farei quando voar?"
Há em todos nós o desejo das asas, mas é, querida Manuela, a água que nos embala em ventre, e ainda a água que, durante o percurso entre o o "antes" e o "depois" , que faz de cada um de nós o que somos em rigor.
... por vezes, tantas vezes, envelhece-mos e, magicamente, no engelho dos braços, surgem, robusta, as asas... que antecedem o voo... o derradeiro voo.
Adorei estar aqui, Manuela. Desculpe se sou ausente - quem me conhece sabe que leio. Leio sempre ...
Um fraterno beijo
Mel
Beijinhos
bom feriado
Belíssimo conto, querida amiga.
Afinal, ainda temos muito de peixe...
Beijos.
.
. trinta .
.
. venho dos meus terraços que me são o res.guardo do silêncio . e é aqui que me a.dezembro por ora .
.
. zero horas e vinte e nove minutos .
.
. um de dezembro de dois mil e dez .
.
. íssimo feliz .
.
Quanta poesia no texto, na melancolia do peixe a se evadir de sua realidade, talvez não fosse só um peixe. E quantos não se sentem inadequados à realidade imposta, e se refugiam na arte, na poesia. As telas são belíssimas.
um beijo.
Um peixe com o sonho de voar pode bem contar as estrelas de Novembro.
Maravilhoso texto, cheio de imaginação poética...
Também gostei dos óleos.
Um beijo, Manuela.
Olá Manela,
…
a partir de amanhã
só o céu e á água…
©hove nas contas todas…
as gotas de água são filtradas…
...
fico a !maginar as pérolas crescer…
…
o peixinho vermelho a sonhar o colar que vai fazer para a estrelinha + bela….
… tiro as fotos e, no caso de dar certo logo se vê se contamos ou não…
...
Entre peixes e estrelas é um cuidado maior o entendimento…
beijinhossssssssssssssssssssss
Manuela,
Adorei seu "conto de água" e a sua "árvore-medusa# arrastada pelo vento, envolta de folhas que se confundem com as estrelas.
bjs
"é quase advento, mas neste lago apenas o peixe-triste estremece e agitam-se as casas enfileiradas à espera de uma canção de inverno, terno é o azul desmesurado no infinito celeste"
É quase advento..e neste quase agito-me
e já sabemos por sentirmos quantas estrelas tem Novembro, Dezembro a Outubro...
por sentirmos nesta noite fria e escura
a luz das estrelinhas que nos iluminam e que são grande aconchego na nossa alma
porque terno é mesmo o azul no infinito celeste...
Absolutamente maravilhoso (Olá Querida amiga Manuela..)
Um abraço grande e de muita ternura.
Gostei muito muito das suas telas..:)E gosto muitíssimo da música
Dulce
"entre peixes e estrelas é um cuidado maior o entendimento…"
disse a alihne
e digo eu...
já é advento
a todos um abraço!
por falarem comigo a língua dos peixes
manuela
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