Duas meninas, uma grande e uma pequenina. Têm dois
cães, um da cor da nata e do caramelo, o outro da cor das folhas no outono. São
diferentes, mas não sabem estar um sem o outro, tal como as duas meninas.
A menina grande gosta de lápis de muitas cores e
desenha tudo o que vê e o que não se pode ver. Animais da terra e do mar,
estrelas e planetas, seres imaginários, pontes, casas, frutos, flores.
Quando anoitece e as meninas adormecem cansadas da escola e das brincadeiras,
as gavetas da secretária abrem-se e das folhas de papel sai um cavalinho
branco, um leão amarelo, um pássaro dourado e andam por ali pelas paredes do
quarto ou fogem pela janela aberta e só regressam de madrugada pouco antes do
despertador tocar. As meninas julgam-nos habitantes dos seus sonhos e dormem
tranquilas todas as noites.
A menina mais pequena gosta do mar. Nos dias de muito
calor pede à irmã, desenha-me um tanque, com peixes azuis e nós lá dentro, a
nadar. E a mais velha desenha e acrescenta duas meninas de fato de banho às
riscas azuis e brancas, azuis como os peixes do tanque, brancas como a espuma
do mar.
Agora fecha os olhos, diz a menina grande. E a
pequenina fechou.
Vês as baleias a passar? Pergunta a irmã. Vejo, responde
a mais pequena. E os golfinhos a saltar? Também. Agora abre os olhos, diz a menina grande dando a mão à irmã.
E do tanque passaram ao mar e mergulharam de olhos bem
abertos e nessa tarde encontraram um polvo, dois ouriços e duas
estrelas-do-mar.
Para a Mar, no dia do seu aniversário.
7 comentários:
MANUELA BAPTISTA
E eram felizes
as meninas
eram larocas petizes
e cantavam suas trinas
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Agosto de 2017
"A primeira vez que vi o mar percebi que nunca teria dificuldade em chorar".
É por isso que a tua história maravilhosa me comoveu e eu quis ser as meninas que fecham os olhos e conseguem ver o mar com golfinhos e baleias...
Magnífico como sempre, Manuela minha Amiga.
Um beijo.
Há palavras que respiram por guelras
Bj sempre
Sou a pequenina. Já não moro perto do mar, mas o mar não sai de dentro de mim... então vivo a sonhar...
Beijinho grande Manu!
Bia
www.biaviagemambiental.blogspot.com
Diferentes mas tão iguais nos sonhos.
Parabéns, Mar.
Para si um abraço, Manuela.
Adoro os lápis de muitas cores. Começa-se por um cartão coberto de branco espesso, rugoso, como as paredes antigas, e o lápis molhado é como um rasto úmido do arco-íris.
Com o tremer do vento, as fronteiras das cores oscilam, vacilam, tocam-se e misturam apenas pontas,
lápis duros a contar imagens seivas
.
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. para quem . como eu . passou toda a infância a ouvir dizer pela boca de minha mãe . olha que dois . esta "história" é por ora . tão singela e tão próxima . :) .
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. íssimo feliz .
.
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