Era uma vez um pássaro da cidade. Não tinha poiso certo,
ora rasava a cabeça das pessoas apressadas bicando migalhas aqui e ali, ora
trincava insetos nos jardins, assustando os pombos inchados a arrulhar
patetices. Era rápido e leve e se disséssemos, vai ali um pássaro, ninguém o
veria. Cantava ao amanhecer, piava ao entardecer e os olhos brilhavam-lhe entre
um momento e o outro. E assim descrito, é um pássaro igual a tantos outros. Não
fora a cerejeira.
A cerejeira crescia num vaso fundo de uma varanda virada
para o rio. Era ainda muito jovem, esguia e frágil. Na primavera deu quatro
cerejas e o pássaro comeu-lhe três. A quarta caiu, rolou pelos ladrilhos e
escondeu-se a um canto.
Nunca comi cerejas tão doces, disse o pássaro. A cerejeira
observou o pássaro e achou-o bonito e num sinal de assentimento, agitou
levemente um ramo. O pássaro poisou nele, saltitou, limpou o bico, alinhou as
penas, deu cambalhotas para trás. Quando escureceu, ficou, um pé no ramo, o
outro dobrado e adormeceu feliz. E assim contado, é apenas uma cerejeira a
crescer numa varanda e um pequeno pássaro de barriga cheia a dormir num ramo.
Não fora a persa.
A persa gostava de sair à noite, silenciosa, ondulante e
já conhecia a cerejeira, mas desconhecia o pássaro. E com os seus olhos de gato
descobriu a cereja redonda e vermelha escondida num canto, deu-lhe patadas,
fê-la rolar, deitou-se de costas e largou-a. Quando olhou para cima viu o
pássaro, cheirou-o de longe, soltou um miado, enroscou-se e adormeceu.
De manhã bem cedo o pássaro cantou e lançou-se sobre a
cereja que faltava e era doce e carnuda e soube-lhe tão bem. Depois pousou na
cabeça da persa e foi desta forma que ela conheceu o pássaro.
Passou o verão e o morno outono e dormiam os dois todas
as noites aos pés da cerejeira, a persa e o pássaro. E quando o inverno gelado
chegou e o frio e o vento e assim escrito dir-se-ia uma história banal de uma
persa amiga de um pássaro, não fora o homem que me contou.
O homem amava os pássaros, os bichos, as árvores, as
ruas, o rio, os barcos, o mar e não fora o ódio, todos os homens deveriam ser
assim.
38 comentários:
mas onde é que está a persa?
KI.TI
vens-me com essa só para eu não ser o primeiro, engraçadinha
MANUELA
As quatro estações
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Janeiro de 2015
Kriu?
CALCITAB está indicado no tratamento de processos onde está indicado um aporte
de cálcio, tais como osteoporose, tirotoxicose, hipoparatiroidismo crónico,
osteomalacia e raquitismo.
O cálcio é um mineral essencial, necessário para a manutenção do equilíbrio
electrolítico no organismo e para o correcto funcionamento de numerosos
mecanismos de regulação.
Penso que com esta dica, já podes ajudar o teu pássaro...
Kriu!
Se os pássaros da cidade trincam, aqui os do campo engolem tudo inteiro e isso nota-se pelos dejectos que deixam seja lá onde for e que mais parecem porções do mais aderente gesso...
Uma história de amor perfeita! :)
Boa noite, Manuela!
É tão bonito, isto
Nem li a merda que escreveste.
Foste fazer queixinhas à Jacintinha Marto e à Lola Chupa e à Semiramis, essas putas de merda!
FOSTE FAZER QUEIXA DE MIM?
Deste-lhe as minhas cartas, coisas intimas....
Porque me tratas tão mal, depois de tudo o que passámos juntos?
AIIIIII! Aaaaiiiiiiiiiiii!
Vou ficar desvairado!
HONRA CIGANA TEM SEMPRE DE SER VINGADA!
Meu sangue cigano FERVE!!!
Agoiro cigano!
Ag o i r o
c i ga n o
Ooooohhhhhhhhhhhhh!
AAAAiiiiii!!!!!!
A cigana gosta de sair à noite, silenciosa,
ondulante...
estamos no ano da OSGA SIBILANTE!
http://thebraganza.blogspot.com
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RANCOR CIGANO
MOLÉSTIA DEMENTE
AGOIRO INSANO
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Concordo contigo:
- Todos os homens deviam ser assim...Amar os animais, as árvores, os rios e tudo quanto a natureza nos oferece graciosamente bom e belo.
Todos os homens não são assim,
e é por isso que partimos pelas longas divagações da Natureza, onde
esses pássaros são maiores nas veredas do Parque Imperial de Guilhane, à sombra do Pavilhão de Murat IV, ou minúsculos, quando voam contra os alísios, nos crepúsculos da Ponta Negra, ou rivalizam com as abelhas gigantes de Éfeso, cunhadas para sempre nos seus maravilhosos e milenares stater de prata.
Nesta fábula da sensível Manuela nem faltam os implicitos rios de ouro, que cruzam os céus da noite, e eu colocaria também, ao lado das cerejas, e já que estamos nesta vaga melancolia do inverno, que antecede a tépida primavera, a Malus Sikkimensis, cujos frutos vermelhos cabem na cabeça de um dedo, e são do tempo em que eu sou simultaneamente pássaro, felino e fruto, num luminoso boulevard de Paris, cujo nome não coloco aqui, para aumentar o segredo da fábula :-)
Que história mais bonita e terna...
tão deliciosamente terna que me apeteceu abraçá-la,posso?
Ficção e outras realidades
num casamento perfeito
que dá gosto
.
.
. e de repente,,, .
.
. salta.nos para o seio da casa . a genuinidade de uma rotina à janela . :) .
.
. íssimo feliz .
.
.
Não fora o homem e todas as histórias do mundo seriam sem ódio... Obrigada pela história, Manuela.
Um beijo.
Porque será que querem tanto mal a mim?
Porque?
Que mal fiz eu pra perseguirem a mim?
Malditos sejam!
A culpa é tua Manuela Baptista que foste fazer queixinhas a eles.
O meu sangue cigano ferve de raiva!!!
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Agora quero ver o Cyberstalking a publicar as minhas poesias.
Vai, Manuela Baptista, vai, manda-lhe já as minhas poesias bonitas. O nosso Luis vai adorar.
MAS NÃO TE METAS COM O MEU HOMEM!
O LUIS É MEU E SÓ MEU!
OUVISTES?
Achei fenomenal o Conto; prendeu minha atenção do início ao fim, levando-me à quimeras desmedidas, não fora o final que trouxe-me de volta à realidade...
Adoro gatinhas persas. Sem burca. LOL
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Sinto frio, Manuela.
Que noites tão insuportáveis!
Não fosse eu fel, sombra e tormenta
e partilharia contigo o Arrebenta.
Brrrr! Frio!
vem aquecer-te aqui:
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Não é verdade o que o Luis diz a ti,
que eu só viajo à noite por aqui.
Eu sou permanente, intermitente...
e não demente.
2015 estamos no ano da OSGA SIBILANTE
Porque me disseste que eu não sou cigana? Por não ter medo de sapos?
Eu tenho.
Eu sou cigana e leio a sina.
Por vezes também eu estremeço com o que me os espíritos revelam.
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Sinto frio, Manuela.
Muito frio.
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...como ao final das belas fábulas deliciosas das antigas, com muito mais poesia e ternura, sinto-me encantada!
Beijos, Manuela,
da Lúcia...
Que pardalinho tão lindo,
passarinho avoa avoa
que a tua tomatada vai p'rás bordas de Lisboa,
pudesse eu sentir a dor
e seria uma cristiana ronalda
dos que me me usam a fronha e a fralda.
Olhe, bem haja, tá,
há uns que são a bota de ouro, eu sou a pisoteada do tacão mulato...
E a flor de cerejeira tem um perfume sublime!!!
Sábio este pequeno pássaro...
Um beijinho Manuela
<°))))< Bia
A persa é o pássaro
persa
.
.
. trago água e sementes para o pássaro . pois a persa . essa . já se desenrascou . :) .
.
. íssimo feliz .
.
.
Harmonia perfeita. Nem o homem destoa...
Beijinhos
Olinda
Somos muitos e pouco belos.
SOMOS CIGANOS EM FÚRIA!
lemos a tua sina
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agoiramos com nossos
OLHOS GORDOS
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lembro-me que fiquei louca no dia em que vi o meu defunto marido a enrabar o meu filhinho.
Na sala e à hora do jantar.
Ajoeilhei-me e chorei, enquanto aviava dois valentes broches ao meu marido e ao meu filhinho.
Gozaram na minha cara e depois fomos então terminar o empadão e o pudim.
estava a ver a novela quando arrotei.
empestou por toda a sala empadão, pudim e esporra.
O que eu queria mesmo era fazer um valente broche a Jesus Cristo na cruz
Minha querida Manuela Baptista
vou ausentar-me por uns tempos.
voltarei em breve
assim me deixem os espíritos que guardam o meu túmulo
fazem-me sofrer horrores à noite
e aqui é sempre noite...
até breve, minha querida amiga
diz ao Luis que não engorde mais
e canta-lhe ao ouvido
sussurando
esta canção
we'll meet again
don't know where
don't know when
but i'm sure we'll meet again
Essa cerejeira não seria, por acaso,
uma syrizeira,
a dar frutos capazes de pôr uma inválida a voar' :-)
http://thebraganza.blogspot.com
não tenhas medo
http://thebraganza.blogspot.com
a Semiramis jaz morta e apodrece
http://cyberstalking-pt.blogspot.com
O Luis sabe tudo
mas teme contar-te
nada posso fazer
http://cyberstalking-pt.blogspot.com
desculpa
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não tenhas medo
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a Semiramis jaz morta e apodrece
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O Luis sabe tudo
mas teme contar-te
nada posso fazer
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não tenhas medo
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O Luis sabe tudo
mas teme contar-te
nada posso fazer
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desculpa
Se o amor comandasse, as cerejas seriam sempre doces.
Gostei imenso, como sempre.
Bjs
Mais uma de encantar com a marca inconfundível da Manuela.
Deveriam ser assim, sim.
Cerejeiras, pássaros, persas, homens. E homens e homens.
Todos diferentes e todos iguais.
Ai, contadora de histórias...como tu pões o mundo mais bonito...por momentos!!
beijo
Graça
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