(foto de f.pedrosa)
(desenho de mb)
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primeiro coloca o pé direito, avaliando o equilíbrio instável de cada rocha, das verdes cobertas de limo não fugia pois gostava de sentir a água que escorria entre o pé descalço e o macio da alga, aveludada, fresca, escorregadia
depois de uma assentada, ganha coragem e o esquerdo junta-se ao direito e assim a par descansam o tempo de um suspiro ou de um caranguejo pequenino avançar cheio de pressa e atravessar-lhe a ponta dos dedos fazendo cócegas e um arrepio
na mão o balde cor do sol, na cabeça o chapéu de pano, bordado com barcos à vela, nuvens brancas e leves de algodão, dos calções grandes demais para as suas pernas pesam os bolsos cheios de conchas
gostava sim de encontrar o peixe palhaço e perguntar-lhe como são as palhaçadas sem respirar, como quando mergulha e fica assim quieto a pensar que o ar do mar é tão secreto que os homens não lhe podem tocar, só os peixes e as anémonas belas mas enganadoras, paralisam as presas com o seu veneno, como o avô fez um dia aos ratos do campo que comiam as cenouras tenras e eles comeram e ele chorou a agonia dos ratos do campo e não quis nunca mais o campo
se encontrar mexilhões tem de ser forte mas não é, há quem goste deles de cebolada e depois ouve-se um chupão e as pessoas sujam guardanapos de papel e as camisolas novas com três botões e uma gola, as lapas e os ouriços vivem na poças menos fundas e não gostam da maré baixa com medo de se afogarem na areia
às vezes cai e diz au! os calções ficam molhados e vergonhosamente marcados de verde como se tivesse levado um açoite ou escorregado em puré de espinafres
depois sonha que se perde na superfície lunar e não na praia e de cada bolso solta-se uma concha e uma pedra cinzenta é das cinzentas que ele gosta, redondas para fazer dançar à tona de água, três vezes ou quatro ou mais e quando for maior vai ganhar ao miúdo feio que lhe bate quando ninguém olha, que lhe chama palito como as batatas fritas lá de casa, não as da senhora Maria que gosta dele e até lhe oferece um papel para ele limpar o nariz
na maré-baixa há sempre o cheiro forte a maresia e uma neblina no desenho ténue entre o céu e o mar
depois de uma assentada, ganha coragem e o esquerdo junta-se ao direito e assim a par descansam o tempo de um suspiro ou de um caranguejo pequenino avançar cheio de pressa e atravessar-lhe a ponta dos dedos fazendo cócegas e um arrepio
na mão o balde cor do sol, na cabeça o chapéu de pano, bordado com barcos à vela, nuvens brancas e leves de algodão, dos calções grandes demais para as suas pernas pesam os bolsos cheios de conchas
gostava sim de encontrar o peixe palhaço e perguntar-lhe como são as palhaçadas sem respirar, como quando mergulha e fica assim quieto a pensar que o ar do mar é tão secreto que os homens não lhe podem tocar, só os peixes e as anémonas belas mas enganadoras, paralisam as presas com o seu veneno, como o avô fez um dia aos ratos do campo que comiam as cenouras tenras e eles comeram e ele chorou a agonia dos ratos do campo e não quis nunca mais o campo
se encontrar mexilhões tem de ser forte mas não é, há quem goste deles de cebolada e depois ouve-se um chupão e as pessoas sujam guardanapos de papel e as camisolas novas com três botões e uma gola, as lapas e os ouriços vivem na poças menos fundas e não gostam da maré baixa com medo de se afogarem na areia
às vezes cai e diz au! os calções ficam molhados e vergonhosamente marcados de verde como se tivesse levado um açoite ou escorregado em puré de espinafres
depois sonha que se perde na superfície lunar e não na praia e de cada bolso solta-se uma concha e uma pedra cinzenta é das cinzentas que ele gosta, redondas para fazer dançar à tona de água, três vezes ou quatro ou mais e quando for maior vai ganhar ao miúdo feio que lhe bate quando ninguém olha, que lhe chama palito como as batatas fritas lá de casa, não as da senhora Maria que gosta dele e até lhe oferece um papel para ele limpar o nariz
na maré-baixa há sempre o cheiro forte a maresia e uma neblina no desenho ténue entre o céu e o mar
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esta é uma página que deixa a descoberto aquilo que mal se vê
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Manuela Baptista
2010/07/02
39 comentários:
MANUELA BAPTISTA
humilde é o cheiro a praia-mar assim sem pontos
parágrafos em acorde forte e cristalino
dispertos dos sentidos ávidos de um banho salgado em água azul
dedilhado por teus dedos assim de uma lufada de ar puro
( belo e grande cabeçalho, bem me dizias para não me assustar )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Julho de 2010
Manela
Quando o mar parte...(para onde irá?)
fica tudo tão transparente... há tempo de apanhar todas as conchas e cada uma tráz risos de crianças, punhos de sol e cabelos de luz....
Respira-se fundo para que a maresia entre em nós e fique nas conchas e nos lembre a agitação da água à procura...nem sei de quê!
Depressa...os bolsos já estão cheios de conchas...levamos os sonhos que o mar já aí vem com a sua força vestir a sua intimidade à procura de paz na areia...
Beijo e bom fds ...junto ao mar!
Graça
Manuela,
tenho um monte de conchinhas,que peguei diante do olhar surpreso de meus filhos,como a dizer: dessa idade,catando conchinhas?
rsrs
praia,conchas,areia,contos com mar ao fundo...
Eita!
Beijoquinhas,
Jaime,
nem nos encontramos na final,para desempate (Brasil X Portugal)
foi mal...
Beijoquinhas a todos
Jaime
AH! já fazes pausas como eu!
grande, o cabeçalho?
não! exageradamente GRANDE!
confesso que meti os pés pelas mãos com os pixeis... o reajuste fica para amanhã, pois hoje não posso tirar os meninos da praia
Manuela
Graça
um dia escrevo uma história incompleta e dou-ta para que tu continues
tenho a certeza de que ia ficar linda!
e com muitas conchas e fios de luz
um bom fim de semana para ti também!
beijinhos
Manuela
Linda
somos mesmo uns desempatados...
agora vocês torcem por quem?
e catar conchinhas é uma arte que nem todos entendem...
beijos
Manuela
o Jaime está ver o uruguai X (?)...
LINDA E MANUELA
Estive a ver o Uruguai versus o Gana ...
Perdeu o Gana num dramático final ...!
Fiquei com pena de ver a África eliminada das meias-finais!
É verdade Linda ...
Quando se canta vitória antes de tempo é no que dá!
Beijinhos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Julho de 2010
:))
ai que esta página já me está fazer cócegas nos pés!
...claro que não vou esquecer de soltar as velas do meu barco e tenho fé que os ventos me irão correr de feição...
Manuela, se na baixa-mar encontrar algum tesouro eu dou-lhe metade. umas conchas servem? então fica prometido!
é lindo o texto, perfumado de
maresia, emoldurado de neblinas...e o cabeçalho está um estrondo!
a descoberto deixo-lhe um beijo que não se vê... mas que se sente!
Walter
Walter
...estrondo, é o termo certo...
e do tesouro que encontrar ficarei com uma parte
lastro
mastro
para ir e voltar!
um beijo sentido
Manuela
Esta é mais uma página que me encanta porque deixa a descoberto o que mal se vê que é muito, é tudo aquilo que encheu de horas felizes os dias de praia da nossa infância e está lá nas memórias do fundo da alma.
Ainda hoje é tão intenso e agradável aquele "...cheiro forte a maresia e uma neblina no desenho ténue entre o céu e o mar".
Só depois de escrever a primeira parte voltei atràs para ler, é mania minha escrever logo o que me sai da alma e ao passar pela Linda ri-me porque também guardo conchinhas, caramujos e beijinhos de mar, que são muito raros e era o meu principal entretimento, procurá-los com os filhos, na maré baixa, uma festa quando se encontram, mas só tenho uns dois ou três.
Vou fazer seguir três fotografias em que estou nesses preparos com eles, em pleno Inverno, numa praia do Porto, na Foz.
Adorei o cabeçalho com os meninos a correr na praia.
Beijinhos, Manuela.
Branca
Voltei para dizer que adorei o piano e esta música - Humility de Wim Mertens.
Lindo, lindo!
São os instrumentos que mais gosto de ouvir, piano e volino e por falar em violino, continuo à procura do filme "The Glass Menagerie", tenho aqui uma especialista que me está a ajudar, ele há-de aparecer, estou curiosa, porque confio no seu extraordinário bom gosto, Manuela.
Beijinhos
Branca
Bom dia, Manu.
"gostava sim de encontrar o peixe palhaço e perguntar-lhe como são as palhaçadas sem respirar, como quando mergulha e fica assim quieto a pensar que o ar do mar é tão secreto que os homens não lhe podem tocar,
Lindo amiga.
Beijo
É sempre encantador ver os meninos a brincar nas pocinhas quando a maré está baixa. Gosto de ver os mais pequeninos, com um imenso ar de sabedoria cravada nas carinhas redondas, como se aqueles pequeninos lagos fossem um mundo inteiro a descobrir.
Também gosto dos seus meninos a correrem pela beira do mar. Bonito quadro
Beijinhos e bom fim de semana
Branca
e nos preparos das conchinhas já aqui os apanhei
ou melhor, catei!
como diria a Linda...
talvez o filme de Paul Newman já não exista na Fnac, mas pode sempre ler a peça de Tennessee Williams
beijinhos
Manuela
Renata
Linda amiga.
beijo
Manu(ela)
Filomena!
e essas asas voam mesmo?
ou é para sobrevoar as pocinhas e as carinhas redondas...
beijinhos e até à maré cheia
Manuela
Gostei do novo avatar, muito lindo.
Aliás o da Filomena também, é hora de mudanças, a rotina faz mal ao espírito.
Beijinhos.
Branca
Manuela,
As asas só servem para voar
ora essa!
a mão compridinha é mesmo minha! e o desenho também...
Manuela
Filomenaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Manuela
Eu percebi Manuela que a mão compridinha era sua e o lindo desenho também, creio, por isso é tudo tão lindo, mais original e verdadeiro não há.
O da Filomena já fui lá comentar ao sítio dela, :))
Beijinhos.
Branca
Que sensibilidade, que arte na narrativa, como enganchas...
Fizeste-me voltar uns anos, muitos, atrás, quando ia com o meu pai pescar para Angeiras... aquelas rochas, aquele mar imenso, para quem era de Pedras Rubras...
Por momentos fui feliz. Obrigado.
Abraços de vida
Olá querida
Fico encantada, quanta imaginação e delicadeza ao escrever tão belo texto.
Conchas quebradas...
conchas inteiras...
conchas vivas...
coloridas ou prateadas.
Seu amor pelo mar é lindo.
Não posso deixar de falar nos desenhos, que para mim são muito especiais, tem a alegria e frescor de jovialidade.
Com muito carinho BJS.
Branca
mais original e verdadeiro só o meu eu original e verdadeiro
e às vezes chato
e outras vezes insuportável
e mais outras baço
e sei lá que mais e está calor que se farta...
beijos
Manuela
Duarte
na praia de Angeiras (onde é que isso fica?)
pequenino
com os caranguejos e as rochas e o mar imenso...
e levei um bocadinho a entender o "enganchas" e agora percebi e obrigada!
um abraço
Manuela
Rufina
a quem se define como alegria de viver
também não faltará colorido, pois não?
uma conchinha de abraços
Manuela
"Humility Wim Mertens"
olá Manuela
maravilhoso o seu novo avatar
faz-nos viajar no tempo
faz-nos lembrar momentos de grande
alegria e ternura
tardes quentes
tão calmas de céu e mar
tardes de encontros
de vida que sempre acontece
e voltar a esses dias sempre nos faz ficar mais fortes
e por vezes precisamos ficar
e a música de hoje é tão...
pura é feita de sentimentos tão genuínos tão perfeitos num encontro cá dentro onde nos refazemos
como nos pode dar tanto a música..?!
e as Suas palavras Manuela que sempre nos dão tanto..de cheiros de sentires tão diferentes de emoções tão nobres..
como o consegue Manuela..?!
há dias de amarmos a música talvez mais do que as palavras
e hoje este meu dia é assim
feito de música que é sobretudo um encontro
sempre de ternura muita amiga
num abraço grande dois beijos de obrigado
(Olá Jaime..)
amanhã voltarei e irei onde hoje não fui...
Dulce
num abraço grande dois beijos de obrigado!
e permaneça na música que por mim também lá ficava
porque às vezes as palavras
até fazem calor...
volte sempre!
Manuela
DULCE AC
Querida Amiga,
Ora vamos lá ver onde é que hoje foi ... e não foi ...
Com música, em todo o caso, vai-se a todo o lado!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 4 de JUlho de 2010
A mais profunda de todas as inspirações: talvez, o Mar... nessa maré que só pode encher depois de vazar. O ritmo e o movimento da própria vida...
Um beijo
Chris
Olá Querida Manuela..!
mandou-me voltar e voltei...
voltei às palavras na presença dos sons da música
"depois de uma assentada, ganha coragem e o esquerdo junta-se ao direito e assim a par descansam o tempo de um suspiro ou de um caranguejo pequenino avançar cheio de pressa e atravessar-lhe a ponta dos dedos fazendo cócegas e um arrepio"
e neste arrepio
num tempo de um suspiro
ganho coragem
e vou de encontro
aos momentos bons do meu dia
gosto mesmo muito da baixa-mar
e a Manuela..?!
Muitos beijinhos de Obrigada
por me incitar a aqui voltar
e um abraço ao Jaime (olá..!)
Dia muito bonito para os dois..(façam por isso..)
dulce
é, Chris
o movimento da própria vida
com o ritmo certo
obrigada pelas suas palavras!
um beijo
Manuela
Dulce
e que este seu dia tenha tanta coisa boa e a afaste dos sustos da noite
e claro que adoro a maré vaza
sobretudo em praias com rochas e poças e peixinhos presos nelas e caranguejos e burriés!
no entanto, para tomar banho...espero que ela encha :))
beijinhos de olás (podem ser gelados)
Manuela
.
. depois de uma assentada,,, ganho coragem, e sinto.me hoje o Pinóquio de serviço .
. entre.encontros e des.encontros .
.
. os pontos .
.
. somam.se aqui .
.
. bravo, .m.a.n.u.e.l.a. . .m.b. .
.
. a.plaudo.A de pé . e tiro o meu chapéu .
.
. um beijo total .
.
um belo mergulho neste mar onde ondas são palavras que nos andam no olhar!
abraço terno!
heduardo
intemporal
pois é,,,
hoje posso estender as toalhas de praia no seu nariz...
O pinóquio apenas queria
ser um menino de carne, sangue, osso e artérias
por isso não desistia de procurar a fada azul
mas tinha um chapéu bonito lá isso tinha
tirolês!
um beijo totalês
mb
heduardo, de seu nome
pelo que nos anda no olhar!
um abraço
Manuela
Que encanto encher os bolsos de conchinhas
nesta praia -mar com cheirinho a maresia
o sol a olhar invejoso ainda é cedo para se deitar
os meninos lindos que cresceram e de repente encheram de encanto
o espaço mágico da Manuela.
beijinhos
Canduxa
sem vírgulas contagiada pelo sargaço e o manso do estar
um beijo
Manuela
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